Área de grãos no Brasil: 1ª, 2ª, 3ª safra e mais 27 milhões de hectares

A agricultura brasileira é impressionante. O Brasil se tornou grande com a primeira revolução verde (sistema convencional), passou a ser gigante com a segunda revolução verde (sistema plantio direto, segunda safra e domínio da agricultura no Cerrado). O que dizer agora, diante da terceira revolução verde – com a terceira safra de grãos e com a integração lavoura-pecuária-floresta-ILPF (que também gera terceira safra, ou até a quarta safra … grãos-grãos-carne/leite-madeira). Além disso, o avanço das técnicas de cultivo e a evolução dos sistemas de produção permitiu a arte de se produzir grãos em solos arenosos sem irrigação. Até pouco tempo, os solos arenosos não eram considerados aptos à produção de grãos, atualmente como nova fronteira agrícola. Esse gigantismo foi e é conquistado considerando que mais de 90% das áreas de agricultura não são irrigadas.

A Figura 1, contempla o somatório de área de todas as culturas graníferas da 1ª safra (algodão, amendoim 1ª safra, arroz, feijão 1ª safra, girassol, mamona, milho 1ª safra, soja e sorgo) e o somatório de área das culturas de 2ª e 3ª safra (amendoim 2ª safra, aveia, canola, centeio, cevada, feijão 2ª safra, feijão 3ª safra, gergelim, milho 2ª safra, milho 3ª safra, trigo e triticale).

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Figura 1. Área de grãos no Brasil, 1ª safra, 2ª+3ª safra e total. Fonte dos dados: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/serie-historica-das-safras?start=30

 

Analisando os dados da Conab para a elaboração do Figura 1 alguns aspectos chamam atenção e merecem destaque.

1º – A área total usada para grãos não é 66 milhões de hectares. Isto porque, os cultivos de segunda e terceira safra são realizados majoritariamente nas mesmas áreas da primeira safra. Portanto, pode-se inferir que, a área usada para grãos no Brasil é 45,5 milhões de hectares, o que corresponde a apenas 5,5% do território nacional.

2º – Apesar da evolução dos sistemas de produção, o uso da área para 2ª e 3ª safra representa apenas 42% da área da 1ª safra, ou seja, o Brasil deixa de utilizar 27 milhões de hectares para produzir grãos após a safra principal. É certo que nem todas as regiões brasileiras apresentam condições climáticas para a segunda safra. No entanto, são áreas prontas e poderiam ser ocupadas com plantas de cobertura ou pastagem.

3º Algumas perguntas podem ser realizadas diante desta diferença de área. Como as áreas não utilizadas para grãos na segunda safra estão sendo utilizadas? Quantos hectares com plantas de cobertura ou pousio? Qual a área ocupadas com pastagem?

A segunda safra de grãos (era um sonho na primeira revolução verde). O primeiro milhão de ha com milho de 2ª safra só aconteceu na safra 1992/1993 e, “financiado” pelo sistema plantio direto”. A terceira safra de grãos (impensável na primeira revolução verde) ainda não chegou a seu primeiro milhão com a cultura do feijão, mas já é acompanhado do milho nas estatísticas a partir da safra 2018/2019.

É preciso esclarecer que o termo 3ª safra não se refere apenas a mesma espécie cultivada (a exemplo do feijão). A 3ª safra também ocorre na sequência de cultivo de espécies diferentes. Exemplo disto, é o cultivo de soja na 1ª safra, milho na 2ª e trigo na 3ª safra. A Figura 2, retrata com clareza a segunda e terceira safra no Brasil.

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Figura 2. Exemplo de uso da área com três safras de grãos sem irrigação.

 

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