VEJA QUEM TEM SE DADO BEM COM AS VENDAS NA INTERNET

Do “kit feirinha” ao e-commerce esportivo, sites e redes sociais têm sido opções para aumentar renda de empresários

Por: Amanda Rocha, Carolina Stábile, Fernanda Lupion, Marcos Henrique e Vinícius Gutierres

Você sabe o que é o e-commerce? Traduzindo para o português, é a venda de produto online, ou seja, o comércio eletrônico. Em pesquisa feita em 2014 pelo E-bit Informações, empresa especializada em informações deste ramo, o consumo virtual dos brasileiros causou o faturamento de R$28,8 bilhões, aumentando 28 em relação ao ano anterior. De acordo com o balanço feito pelo site, a Black Friday, que movimentou R$ 770 milhões em um único dia, é uma das explicações para resultados tão positivos.

Quem chegou agora no ramo precisa entender bem como é jogar nas regras dessa modalidade de serviço e abrir mão do contato direto com o cliente. A recém-  empreendedora Tânia Molina apostou as fichas na venda de verduras, frutas e legumes.  Trocou o carro por uma Kombi para ficar em um lugar fixo, esperando a clientela… que não vinha. A ideia do “olho no olho” passou longe, mas não desanimou: “As mercadorias começaram a estragar e a venda era baixa. Foi aí que pensamos em montar o ‘kit feirinha’”.

O estouro veio através do canal de divulgação: a rede social. Com uma propaganda básica, mas que foi o pontapé, as vendas aumentaram significativamente. Com uma demanda diária de seis a dez kits, a vida antes da tecnologia já ficou no passado.

“Nosso diferencial é estar com a mercadoria fresquinha e sempre com boa qualidade. Entregamos em domicílio também, o que ajuda a cativar os clientes.” Ela ainda ressalta a  importância da internet nessas situações, uma vez que as pessoas espalham para as outras e cresce o número de contatos interessados.

Quando o hobby vira o ganha-pão...

Ter um próprio negócio é o sonho de muita gente. Ter um negócio próprio e bem sucedido seria o sonho de todos, afinal, tornar-se o próprio chefe e comandar uma equipe que tem sintonia para trabalhar bem, é padecer no paraíso.

Isso é o caso do sócio-proprietário Márcio Estevão Júnior, dono de um e-commerce esportivo, a FutFanatics, que nasceu em março de 2012, com sede em Presidente Prudente, interior de São Paulo. Ele conta que tudo começou devido à paixão de colecionar camisa de times de futebol. “Tenho mais de três mil camisas e sempre quis mexer com esse sistema totalmente online, que é o e-commerce. No Brasil, é difícil achar camisas importadas, que é um dos nossos diferenciais.”

E não é apenas na revenda de produtos que a empresa se destaca. Para aumentar a gama de clientes e conquistar lugar na concorrência, ela oferece personalização de camisas, com nome e número do jogador, como também do cliente, além de estampar logomarcas de patrocínios e campeonatos esportivos.

Com uma média de 1.100 pedidos por dia para todo o país, o empreendedor conta que não estava satisfeito em ficar apenas em território verde e amarelo e hoje, o neg[ocio abrange Estados Unidos, Europa e Ásia. “Nós temos um cliente fiel que compra para revender nas lojas chinesas. Todo mês ele pede e tem todo o suporte da nossa equipe, caso apareça algum imprevisto.”

O estoque da loja dispõe de cerca de oito mil produtos diferentes, para os públicos infantil, jovem e adulto. O início era focar só em clubes de futebol, mas tendo em vista que o negócio fluiu, agregou outras modalidades, como acessórios de natação, vôlei e basquete. “Estamos cientes que, como tudo é feito através do computador e não temos contato ‘cara-a-cara’ com o consumidor, pode haver dimensões de tamanho desreguladas e consequentemente, uma possível troca do pedido. É normal.” 

Não tem lugar melhor que o nosso lar...

Ser chamada de dona de casa é sinônimo de empresária para Márcia Regina Da Silva. Depois de quase perder todo o seu negócio drasticamente devido à competição natural do mercado, o filho mais velho, João Victor Rocha, em 2014, resolveu ajudar a aumentar as vendas da loja física que a família possuía no camelódromo, usando a internet. No ano seguinte, o número cresceu e ultrapassou o esperado. Hoje, a família conta apenas com vendas pela web.

O estoque dela fica montado no conforto de casa e com direito a chá e biscoito, abrange uma seleção de produtos, como brinquedos, roupas e calçados. Formada em ciências contábeis, aos 24 anos, Márcia não se identificava com a área. Focada em sair da casa dos pais, começou a viajar de Presidente Prudente, interior de São Paulo, para o Paraguai, para trazer produtos e revendê-los. Entre idas e vindas, rodando em torno de 740km com sacolas pesadas, começou a montar seu próprio negócio.

Recém-casada, ela montou uma banca com o marido, em um momento de ascensão do comércio. Regularizou as burocracias exigidas para tornar-se um MEI (Micro Empreendedor Individual) e passou a investir todo o lucro. Ela conta que, durante a segunda gravidez, chegou a fazer mais de três viagens por mês e ainda se arriscou no último mês de gestação, o que causou dor de cabeça, literalmente. “Pela primeira vez, toda minha compra ficou presa pela Polícia Federal. Tem uma quantidade de produtos por pessoa e infelizmente, a maioria dos sacoleiros não respeita a norma.”

Essa foi a última viagem antes de ter o bebê e que, com a chegada do novo integrante da família, ela contratou duas funcionárias para viajar e cuidar da banca. Com o tempo, o casal voltou a realizar as viagens rotineiras e ainda passava pela situação de ter produtos presos, perdendo dinheiro, mas ainda sim com certo lucro no final. Neste período, ela percebeu então que apenas uma banca era pouco para vender a variedade de produtos que tinha disponível e desta forma, adquiriu mais duas, voltada a eletrônicos e brinquedos. Durante cinco anos, tudo ocorreu bem, a ponto de comprar um carro só para ir ao Paraguai.

A vida de Márcia teve uma reviravolta quando o prejuízo passou a ser comum. Ela ainda diz que todo o camelódromo vendia o mesmo produto pelo mesmo valor e que não havia diferencial. “A banca nova não durou dois anos, insisti mais três anos na primeira banca que tinha um fluxo maior, só que sem funcionários e viagens ocasionais. Aprendi pela dor que estar em dia com a tecnologia é vital para o bom desempenho do trabalho”, desabafa ela, que hoje trabalha somente no mercado online e não se arrepende.

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