CANTOR OU BANDA: QUEM DEFINE?

Quando se decide ingressar no mundo da música, muito é cobrado do artista, principalmente na questão do estilo musical. É preciso criar uma identidade para que a relação com a mídia, o público e consequentemente, os fãs, seja mais íntima e direta.

Por: Bruna Leite, Darla Freitas, Fabio Figueirinha e Nellise Pinheiro

Quando se decide ingressar no mundo da música, muito é cobrado do artista, principalmente na questão do estilo musical. É preciso criar uma identidade para que a relação com a mídia, o público e consequentemente, os fãs, seja mais íntima e direta.

Banda

Muitas bandas e cantores solos iniciam suas carreiras tocando em bares e por conta disso, na maioria das vezes precisam de um repertório bem genérico para agradar todo o público. Foi o que aconteceu com a banda Arquitetos do Alabama quando tudo começou!

“Quando a banda começou, em 2014, o nosso repertório era bem indefinido. Experimentamos vários estilos, dos anos 60 até 80 e indie [rock independente]”, conta o vocalista e guitarrista, Marco Rotta.

Além de Marco, a banda tem na formação atual Everton Alves (vocal e bateria) e André Gatti (vocal e baixo).

Depois de uma época a procura de uma identidade musical, Rotta resolveu optar pela vertente do rock dos anos 50/60, estilo que eles tocam até hoje. “Quando isso aconteceu, eu já estava na banda e apesar de ter tocado um som mais pesado em outros tempos, acabei me identificando por fazermos covers de bandas que eu também ouvia”, conta Everton.

O baterista está no grupo desde o começo de 2015 e enfrentou, junto com Marco, o período em que tentavam encontrar o “terceiro mosqueteiro”. Depois de cinco trocas, em setembro de 2015, André ingressou na banda.

“Conheço o Everton há muitos anos. Eu não tocava baixo, sempre gostei mais do violão e da guitarra. Quando comecei a tocar baixo, eu me descobri e foi em uma dessas que ele me chamou pra fazer um som com eles e estamos aí até hoje”, conta André.

Segundo Everton, para se sentir parte da banda, é preciso se identificar com o som e principalmente, com os outros integrantes. “Quando você gosta do que está tocando é bem mais prazeroso. Você, com certeza, toca com mais vontade.”

“Eu já me sinto parte da banda. Nós temos um ótimo entrosamento, além de me identificar bastante com o som. Eu acredito que é importante gostar do que se faz e não apenas trabalhar por conta da remuneração”, aponta André.

SOLO

O cantor e compositor Abbade traz em suas composições influências dos mais variados estilos musicais, passeando assim pelo rock brasileiro dos anos 80, até o som de bandas como Beatles, Strokes e The Killers.

O primeiro álbum de sua carreira é intitulado “Versos Tortos”, que foi gravado no final do ano de 2015. Álbum este que contém 10 faixas e Abbade promove atualmente.

Conhecido por muitos apenas por seu nome artístico, o jovem de 19 anos, Gabriel Abbade dos Santos, conta que seu real envolvimento com a música começou quando tinha 16 anos de idade, mas já sabia tocar guitarra e violão desde os 12.

Aos 16 que resolveu se aventurar pelo universo das composições. Segundo o cantor, gostava de ler e escrever poemas, na época era um adolescente muito tímido. A partir desse momento começou a compor músicas.

O apoio de familiares e amigos foi essencial para encorajá-lo a persistir naquilo que queria. Já com 17 anos foi quando começou a tocar em alguns bares de Presidente Prudente. E no final do ano passado surgiu a oportunidade de gravar seu primeiro CD.

Abbade lembra que fez questão de reunir suas primeiras composições para gravá-las. O disco “Versos Tortos” foi lançado no início deste ano. Porém, ele ainda concilia sua carreira musical com os estudos, ele cursa o 3º ano de Psicologia.

“Os conteúdos do curso me abrem a mente para compreender o mundo, e isso suporta toda criação, portanto é algo facilitador, como tudo no mundo pra mim, tudo que vejo e vivo. A música é algo natural pra mim, eu não penso, ela sai de mim espontaneamente”, afirma o cantor.

Os Beatles são a matriz inspiradora das suas composições, o rock n´roll está presente o tempo todo. Abbade conta que aposta em fazer tudo aquilo que lhe vem a cabeça.

O prudentino Júnior Alcântara é um exemplo de persistência. Iniciou sua carreira como cantor aos 18 anos, quando fazia parte de uma dupla sertaneja. Os pais dele meio receosos, não apoiaram a decisão do filho de seguir na música.

O tempo passou e a dupla acabou se desfazendo. Mas ainda apostando no meio sertanejo gravou a música Diamante Negro, e aos poucos o sonho foi se tornando realidade.

Os pais hoje entenderam que a música é a verdadeira paixão do filho e passaram a apoiar a decisão. Hoje Júnior já consegue viver da música, o que deixa os pais orgulhosos.

Incentivo

O cenário musical prudentino é um desafio tanto para bandas quanto a cantores solos. Porém, isso vem evoluindo. Um dos responsáveis por essa questão é o Sesc (Serviço Social do Comércio).

Para Marco, o Sesc tem contribuído e movimentado o cenário musical de Presidente Prudente, ao incentivar músicos da cidade a apresentarem seus trabalhos, autorais ou não. “Toda essa questão começou em 2015 e fez uma diferença fundamental. Foi um divisor de águas.”

“As bandas, principalmente de rock, tem um espaço muito limitado na região. O Sesc está abrindo muitas portas para os artistas locais”, aponta Alves.

Camila Mancini trabalha no cenário musical como assessora de imprensa na empresa Mancini Comunicações. Para ela, o ano de 2016 está sendo de grande importância, pois os artistas locais começaram a ter mais oportunidades de realizarem shows na cidade. “É um espaço que ficamos bem contentes e que não vem apenas das casas de show, mas também da mídia.”

O técnico de programação cultural do Sesc, André Luiz Locateli, sabe bem a importância de dar oportunidades a músicos da nossa cidade. “Sesc dá espaço a projetos como o Thermas do Rock, que este ano juntou pessoas que nunca tinham tocado juntos para representar várias bandas famosas do rock, de várias décadas”.

Banda ou cantor solo?

Você já pensou quais elementos diferenciam um cantor solo de uma banda?

Segundo Camila, quando os artistas carregam o nome de uma banda, todos os integrantes participam dos processos de decisões, composições e divulgações integralmente. “Na questão do cantor solo, o grupo que toca com ele, o acompanha apenas nos ensaios e nos shows.”

Já para André é uma questão de identidade. “Normalmente bandas são formadas por pessoas que têm uma história, talvez desde infância juntos. Já os cantores solos juntam-se com músicos aleatórios e formam suas bandas, mas que na verdade não receberá um nome conjunto, apenas o nome dele”, explica.

Já na questão financeira, para o produtor musical da empresa D3 Produções, Daniel Prudencio, quando se tem uma banda, como Jota Quest, Titãs, Skank, todos ou quase todos são sócios do projeto, tendo percentuais dos ganhos, e participando ativamente das decisões da banda.

Quando se tem um artista que trabalha com seu nome solo, como por exemplo, Thiaguinho, Ivete Sangalo, estes são os únicos da banda que são sócios do projeto. “Eles ficam com a maior parte dos ganhos para si, e para os empresários, que também acabam sendo seus sócios de certa maneira.”

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