CHÁ SEM CADEIRA

De peça comum do cotidiano à obra com assinatura de artistas. As cadeiras são elementos indispensáveis em todos os momentos da vida humana. Enquanto o mercado cresce e os formatos variam, as tradições da produção e de salvar vidas se mantêm.

Por: Adriano Batista, Helena Pelim, Juliane Rígolo, Larissa Biassoti e Lucas Diamante

Não faz pouco tempo que você a conhece, seja de ferro, madeira e até de materiais recicláveis, o fato é que ela estava no quarto pintado de Van Gogh desde 1889 e provavelmente ao lado da sua mesa de jantar neste momento. A cadeira é um objeto indispensável no cotidiano de muitas pessoas, está presente nos mais diversos lugares, inclusive você pode estar sentado em uma enquanto lê esta reportagem.

Não se sabe ao certo qual é a origem, mas o primeiro indício de produção do assento é do período Neolítico, desde esta época o homem pré-histórico já utilizava objetos da natureza para evitar o contato direto com a terra ao se sentar.

“Eu acredito que a origem seja nas ruínas de Skara Brae, considerado o local das primeiras evidências de produção de mobiliário da história. No início a função era exclusivamente sentar, mas quando os egípcios inseriram o encosto na cadeira ela passou a ser associada a questões socioculturais. A elite sentava no móvel e os demais no chão”, explica Lucas Dalberto, professor e designer de interiores.

Atualmente, uma infinidade de modelos de cadeiras estão disponíveis no mercado para agradar a todos os gostos. Surgiram ao longo dos anos sites especializados, designers e consumidores cada vez mais interessados em valorizar o móvel a ponto dele se tornar um nicho de mercado explorável.

“Nós segmentamos o negócio a mais ou menos um ano, depois de perceber que o mercado de cadeiras é muito forte, é o móvel mais comum em todas as casas e está presente em vários cômodos. Seja no quarto, na sala, na cozinha ou para trabalhar, ela deixou de ser uma simples cadeira e se tornou objeto de decoração”, disse Felipe Correia, dono de uma loja exclusivamente de cadeiras.

Créditos: Adriano Batista

“Ela deixou de ser uma simples cadeira e se tornou um objeto de decoração, hoje é o objeto que você mais tem na sua residência, não é mesa, não é televisão, nem o computador, é a cadeira”, afirma o vendedor.

Antes da loja atual, Felipe trabalhava com móveis e decoração na internet, mas após ter percebido a entrada de muitos tipos de cadeira importadas no país, de lugares como China e Tailândia, notou que o assento era uma opção de investimento em alta. “Ela deixou de ser uma simples cadeira e se tornou um objeto de decoração, hoje é o objeto que você mais tem na sua residência, não é mesa, não é televisão, nem o computador, é a cadeira”, afirma o vendedor.

Para poder atender a procura, o vendedor trabalha com 10 importadoras em todo o Brasil, que trazem produtos da Ásia e Europa, cerca de 50 fornecedores nacionais, mais de 5.000 modelos, sem falar de todo pessoal especializado para fechar acordos com novos distribuidores e analisar modelos do produto o dia todo.

O agito do segmento vai além das características de estilo, a cadeira também deve apresentar funcionalidade e trazer praticidade à vida dos usuários, segundo Lucas. O professor ainda diz que é um erro associar o design apenas à beleza do produto, mas deve também se relacionar a sua funcionalidade para que permita a quem estiver sentado desenvolver tarefas com facilidade e segurança.

VIROU MODA

A maneira como o consumidor se comporta atualmente é um forte indício de que ele está muito mais preocupado com o significado e a importância do móvel em sua casa.

Quem explica isso é o designer de interiores Alexandre Rena. Ele conta que além de ser um objeto fundamental no dia a dia das pessoas, a cadeira passou a agregar aspectos estéticos, porque nenhuma pessoa quer ter em casa um móvel em que a aparência não agrada ou não seja atrativa.

“As pessoas buscam coisas simples, mas que ao mesmo tempo sejam diferentes, quando investem já sabem que vão ter um retorno, veem a importância do produto para vida delas, a ponto de demonstrar tudo que ela tem em mente e mostrar um pouquinho da sua personalidade e atitude”, afirma Alexandre.

Felipe diz que cadeira virou moda e isso é facilmente percebido quando um cliente entra na loja. “Hoje, quando uma pessoa entra aqui parece que ela está comprando uma comida ou uma roupa. Ela vê do jeito que ela imagina, assim como estava na internet. Age até como se tivesse visto uma saia no shopping”, comenta o proprietário da loja de cadeiras.

Dona de uma loja de móveis rústicos há 15 anos, Aparecida Dantas acredita que houve uma grande evolução no pensamento dos clientes e também no Design, por isso existem cadeiras diferentes para todos os tipos de cômodos da casa e para os mais específicos usuários.

“As pessoas quando querem comprar algum tipo de cadeira, sempre procuram por conforto e durabilidade. Os clientes hoje em dia chegam a escolher o tipo de madeira que querem. O brasileiro quer acompanhar as tendências de outros países, tem cliente até que chega aqui e quer 10 cadeiras, uma de cada cor”, conta Aparecida.

TENDÊNCIA

Diante deste cenário, o mercado de cadeiras aparenta estar em alta e sem prazo para declinar. As possibilidades que este ramo oferece não se limitam hoje a cores nem formatos, porque as pessoas seguem em busca de opções diferentes e inovadoras.  Por isso a necessidade de criar sempre diversos modelos.

Alexandre, também graduado em Economia, acredita na prosperidade desse mercado. O designer teve essa percepção ainda mais clara quando esteve em um congresso internacional, no qual foram mostradas novas tecnologias para a confecção do assento. Há neste mercado uma preocupação muito evidente quanto à madeira mais trabalhada, mais torneada, talvez até mais acessível.

“Passa ano entra ano, ela está aí presente, a cadeira não perde o seu valor, as pessoas cada vez mais se preocupam com saúde e qualidade de vida. Se a cadeira conseguir cumprir essa função, de trazer o conforto para as pessoas, o futuro dela será muito louvável, ela não vai perder espaço para nada”, conta Alexandre.

O futuro é incerto, mas é possível imaginar muito mais nos próximos anos. “Ainda irão aparecer muitos tipos de cadeiras, mesas, bancos, isso aí não vai ter fim, eu só não sei é onde estaremos sentando daqui algum tempo”, brinca Aparecida.

ESCUTA ESSA!

Cadeira é algo tão comum no nosso dia a dia que, muitas vezes, passa desapercebida. Em um mundo onde vemos esse tipo de assento em escritórios, escolas, consultórios e, até mesmo, dentro dos carros, algo quase impensável é: como é fabricado esse móvel? Bom, pra descobrir essa e tantas outras curiosidades sobre cadeiras, Larissa Biassoti e Juliane Rigolo foram até Pirapozinho-SP e te contam tudo neste podcast. Sente-se e aperte o play. 

CADEIRAS QUE SALVAM

Basicamente a utilidade de uma cadeira é servir de assento. Muito além disso, em Presidente Prudente – SP, ocupar uma das quatro cadeiras do Banco de Sangue  do  Hospital  Regional, significa ser um dos 1400 doadores que o local precisa todo mês. Além do gesto de  doar sangue, se sentar em uma das 39 poltronas do Hospital Regional do Câncer representa um importante passo para o tratamento quimioterápico. Neste vídeo, os relatos e histórias dos personagens mostra que preencher essas vagas pode salvar vidas.

SUB TITULO

O CICLO DA VIDA

Já pensou em quantas cadeiras fazem parte da nossa história?