COMPANHIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS COMBATE A SOLIDÃO

Como não existe um lugar especifico para abrigar animais domésticos, pessoas que se sensibilizam com a situação acabam retirando gatos e cachorros das ruas e abrigando em suas próprias casas.

Por: Beatriz Moura, Isaias Alves, Júlio Terrengui, Lilian Silva e Tainá Firmo

A ideia de que ninguém vive sozinho e que o ser humano foi criado para ter o seu convívio dentro de uma sociedade não são conceitos novos. A tecnologia tem feito com que as pessoas se excluíssem cada vez mais da vida em sociedade. Com isso, muitos estão em busca dos animais como companhia, são casos como o de Marcelo e Renilza.

Quem nunca se deparou com algum animal abandonado na rua, que atire a primeira pedra. Esta é uma situação comum, presenciada por todos pelos menos uma vez na vida. Enquanto para alguns eles passam despercebidos, para outros não, se desdobram para ajudar como podem. E a partir deste gesto de solidariedade pode surgir um amor para vida toda. Este é o caso vivenciado por Marcelo José da Mota, professor e amante dos animais desde pequeno.

Toda sua história é marcada pela convivência com os bichos e para ele é difícil se manter imparcial quando o assunto é abandono. “Quando eu acho algum gatinho ou cachorrinho pequeninho, novinho eu geralmente levo para casa, cuido e depois nós doamos”, pontua. Embora nem sempre ele consiga se desfazer desses animais, já que eles são sua família.

“Dormem comigo, frequentam os mesmos espaços que eu. Até por que moro sozinho, a gente brinca muito, é uma farra”, finaliza Marcelo.

A professora Renilza Aparecida  Fernandes da Cruz  e sua família também fazem parte das pessoas que amam e cuidam com todo amor desses bichinhos. Ela conta que já teve muitos cachorros e atualmente convive com três: Quiara, Tunica e Chokito.

Quiara, sua cachorra mais velha, é da raça poodle, a única que foi comprada. Tunica mais conhecida como “Flica”, uma vira lata, foi pega na missa da igreja Maristela no ano de 2016. E Choquito (na foto ao lado), também vira lata, que está em sua casa temporariamente.

O cachorro foi encontrado na rua em um estado crítico, sua pele, com poucos pelos, estava repleta de bolinhas, típicas da doença de sarna. E por isso colocaram-no o nome de Chokito, o chocolate cheio de bolinhas.

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ABRIGOS E ONGS

E você leitor, que se sentiu motivado e pensa em adotar o seu animalzinho, pode não ser tão simples assim.

De acordo com uma das coordenadoras da Pastoral dos Agentes Protetores de Animais da Maristela, Lígia Ricci Martins Olivete (à esquerda na foto ao lado), o primeiro passo é fazer uma triagem para saber se o animal corresponde às expectativas que a pessoa procura.

“Uma adotante vem me procurar dizendo: ‘Ah eu quero um pastor alemão’ Tento explicar que o animal escolhido não é adequado caso ela more em um apartamento, por exemplo, e que o local não é pertinente para a raça, que no caso, é de um animal maior, mais agitado. Enfim, ter toda essa noção da característica, do que a pessoa procura e o que dá para se adequar a ela”, explica a coordenadora.

É importante lembrar que as pessoas que não tem condições de adotar, podem ajudar de outras maneiras, fazendo doações ou cedendo um lar temporário. O professor Marcelo além de seus animais adotados, também contribui de outras formas.

“Todo mês eu doou uma castração e rações para os animais de algumas famílias daqui da cidade”.

Adotar esses animais demonstra uma preocupação com o próximo, embora existam algumas restrições para este gesto. Os cidadãos que decidem ceder abrigo para mais que 10 animais e não cumprirem as exigências são penalizados e podem receber multas.

“Essa lei aqui do município de Prudente foi estabelecida para todos, principalmente os casos em que moradores não tem estrutura para criar a vida inteira ou temporariamente mais de dez bichinhos de estimação como os cachorros e gatos”, explica a coordenadora.

Ela ainda nos conta que existe a possibilidade de criar mais de dez, porém aqueles que quiserem ter mais animais do que a quantidade estabelecida pela norma deve se regularizar e cumprir uma série de exigências.

O Centro de Controle Zoonoses (CCZ), órgão responsável por cuidar dos animais, realiza o trabalho de vacinação contra doenças transmissíveis como leishmaniose, raiva, sarna, ou eutanásia quando necessário, embora não haja um abrigo público onde eles podem ser encaminhados. O que tende a se formar um ciclo de abandono sem fim.

MAUS TRATOS

Assim como a história de Chokito, muitos animais também sofrem maus tratos antes mesmo de serem entregues a um bom dono. A coordenadora da Pastoral, Lígia, nesses quatro anos já se deparou com várias histórias, e uma em especial ficou marcada em sua cabeça. “Uma cachorrinha chamada Menina, que foi encaminhada para a castração e estava com fimose, o casal que a encaminhou diziam que a cachorra era da rua, mas tínhamos certeza que eles eram os donos, e depois de algum tempo no veterinário a cachorrinha acabou morrendo de tristeza”, conclui.

Segundo a advogada civil, Juliana Assugeni Faccioli Campos, esse caso da cachorrinha “Menina” é um tipo de mau trato. Os donos não deram os cuidados necessários que o animal precisava. “Além de alimentação adequada e cuidados médicos, o animal precisa da atenção dos seus proprietários, é o mínimo. Todos esses cuidados são direitos amparados por lei”, relata a advogada.

Ela ainda nos explica um pouco mais sobre os direitos desses animaizinhos. “Manter o animal preso em lugares pequenos e anti-higiênicos, violência física, utilizar o animal em show que possam lhe causar desconforto, abandono e até ameaças são considerados crimes previsto no artigo 32 da Lei Federal dos Crimes Ambientais 9.605/98 e prevê pena de reclusão de 3 meses a 1 ano”,  conclui.

Embora o Brasil e o mundo tenham feito uma série de avanços no que se refere à proteção dos bichos na última década, formalizando regras específicas para que a crueldade apresenta uma queda, ainda há muitos episódios de maus tratos a animais, provando que muitos esforços ainda devem ser feitos para mudar esse cenário.

“Possuir um animal doméstico é uma grande responsabilidade. É preciso estar pronto para assumir todos os gastos que o animal traz e dedicar tempo e carinho a ele”, finaliza a advogada.

O abandono, a negligência e a crueldade praticada por muitas pessoas apesar de ser considerado crime, não as impedem de agirem com violência e descaso contra os animais domésticos.

Felizmente ao mesmo tempo em que há pessoas assim, há muitos movimentos de proteção a esses animais aparecendo em todos os cantos do mundo, sejam elas entidades, ONGs, associações e lógico pessoas como os próprios professores Marcelo e Renilza que não medem esforços para proteger e garantir uma vida plena e feliz para esses animais.

CALCULANDO A MELHOR SOLUÇÃO

Caso você encontre um animal doméstico abandonado pelas ruas da cidade e não tenha disponibilidade e também não tenha condições em ficar com ele, entre em contato com as ONGs da sua cidade ou use as redes sociais para ajudar o bichinho a encontrar um lar.

E não se esqueça: Cães e gatos são seres vivos que sentem dor e tem emoções, assim, ao evitarmos o abandono deles, não só contribuímos a diminuição de animais nas ruas, mas também evitamos que esses animais sofram.

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Reportagem: Especialidades de Médicos Veterinários