EXPECTATIVA PARA SER “O” JOGADOR DE FUTEBOL COMEÇA NA INFÂNCIA

Muitos meninos buscam se profissionalizar, mas nem todos conseguem. Existem exceções, como Adriano Gerlin, que atuou na seleção brasileira de base. A maioria busca caminhos alternativos, como universidades estrangeiras e até mesmo outra profissão.

Por: Eduardo Maduro, Rafael Sapia e Reinaldo Del Trejo

Jean, Wesley e Abner. Três nomes comuns, que partilham o mesmo sangue, e mais, uma luta pelo sonho de ser jogador de futebol.  O elo que une e inspirou esses três, é Alcides Oliveira dos Santos, pai dos meninos, que desde sempre incentivou os filhos a lutar por esse sonho.

O sonho começou com o irmão mais velho, Jean, hoje com 21 anos, quando o pai o levava para os gramados esburacados do bairro Natal Marrafon, no subúrbio de Pirapozinho, interior de São Paulo. “Meu pai sempre jogou com a gente, era meio que um treino, e eu a cobaia nessa época. Com o passar do tempo, ele aperfeiçoou a técnica, e ajudou ainda mais meus irmãos. Nesse ponto, ele não pecou”, disse ele.

“Sempre gostei de futebol, e brincava com os meninos na rua. Os três começaram a acompanhar e aos poucos foram gostando do esporte. Quando nos mudamos para o Marrafon, passamos a treinar em um campinho”, explicou Alcides Oliveira dos Santos, motorista de ônibus de 43 anos.

Jean conciliava os treinos no projeto ALPS de Pirapozinho, o trabalho e os estudos. Até que foi convidado para a categoria de base do Grêmio Prudente, que na época era Barueri e disputava a primeira divisão do futebol brasileiro.  Quando a equipe voltou para Barueri, Jean fez uma escolha, continuar estudando.

A decisão gerou uma admiração de seu irmão, Wesley, de 20 anos. “Fico feliz sabendo que ele conseguiu se formar em Administração, ainda mais por ser meu irmão. O vejo como um espelho, e sei que posso chegar onde eu quiser”, disse o meia do Mogi Mirim, que teve passagens pelo São Paulo e também por Grêmio Prudente.

Alcides acredita que Jean alcançou uma benção, mesmo fora dos campos de futebol. “O Jean alcançou algo fantástico, que causa  muita satisfação para mim. Ele tem muito potencial e poderia voar ainda mais alto”, disse após concluir que acredita que o filho tem tudo para ser vitorioso.

A vida de Wesley também começou a partir do incentivo do senhor Alcides, que apesar de amar o futebol, declara: “precisei começar a trabalhar muito cedo, sempre gostei do futebol, mas nunca tive o sonho de ser profissional”, afirmou. Com quatros anos de São Paulo e dois de Grêmio Prudente, Wesley se mudou para Mogi, para atuar na equipe do Mogi Mirim.

O terceiro filho é Abner, de 15 anos, que também teve passagem pelo Santos e pelo Grêmio Prudente, onde era o camisa 10. “Foi com meu pai e meus irmãos que tudo começou. Eles me ensinaram a jogar futebol e me apoiam sempre”, disse.

O sonho de ser jogador gera esperança de sucesso e dinheiro. Porém, nem tudo são rosas. Em relatório levantado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em 2015, foi  constatado que mais de 23 mil atletas brasileiros ganham até R$1.000 e apenas um atleta tem o salário acima de R$500 mil, mostrando que o salário não é assim tão alto para atletas profissionais.

Pensando nisso, existem empresas brasileiras que enxergam a oportunidade de aproveitar a técnica do futebol brasileiro e exportar para países que vem crescendo no futebol, como os Estados Unidos.

Felipe de Lima Cardoso, de 20 anos, abandonou a categoria de base do Grêmio Prudente (atual Barueri) quando tinha 16 anos, resolveu começar faculdade de Gastronomia, até que ficou sabendo da empresa Next Level, que prepara jogadores para universidades americanas.

“O futebol no  Brasil infelizmente precisa ter contato e empresário. Com isso, resolvi me distanciar dessa vontade de ser jogador. Mas aí surgiu a oportunidade de jogar bola nos Estados Unidos e continuar estudando”, afirmou ele.  Dessa forma, ele se motivou a batalhar e treinar em São Paulo, hoje ele voltou para Presidente Prudente, já que a empresa abrirá uma filial na cidade do interior esse ano.

A expectativa de Felipe para o futuro é altíssima. Ele já foi contatado por universidades estadunidenses e espera uma proposta e resposta do teste de domínio do inglês. E ainda existe o Show Case, que é um teste com vários olheiros estrangeiros. “No Show Case do ano passado, tinha 15 treinadores de 15 universidades diferentes, como Texas Rio Grande Valley, University Central Florida e Missouri Valley College. As propostas são variáveis, depende de sua condição financeira. Espero que até o meio do ano eu receba uma boa proposta e embarque para os Estados Unidos”, finalizou.

Com o crescimento do futebol e da liga estadunidense de futebol, os Estados Unidos veio para o Brasil buscar atletas para rechear as universidades com bom futebol, já que a seleção do país não consegue bom desempenho em competições mundiais. É uma escolha alternativa para aqueles que não conseguiram se profissionalizar no futebol, e além de entrar no esporte, tem a certeza de algo mais concreto, como uma educação em universidades americanas de grande nome.

E para os filhos do senhor Alcides, resta a esperança de permanecer em grandes times brasileiros e um dia ser parte das exceções dos maiores salários nacionais.

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