O mercado de trabalho está preparado para o idoso?

Com uma população idosa cada vez mais ativa, uma nova dinâmica tem transformado a relação do idoso com o mercado de trabalho.

Por: Christian Mathias da Silva Lopes, Ingrid Rocha, Igor Gelako, Maiara Pavan

A vida é um eterno ciclo: todas as pessoas nascem, crescem, adquirem os seus bens e encerram descansando. Na verdade, é isso o que a maioria das pessoas esperam, que esse seja o clico realizado, para chegar ao estágio final da vida e poder curtir a sua melhor idade de forma tranquila.

Mas a realidade que o idoso encontra na sociedade atual é muito diferente. Apesar do grande avanço que algumas políticas públicas proporcionaram, como programas de farmácia popular, a isenção no transporte público, o apoio de órgão municipais ao produzir atividades para os idosos, além de outros projetos, elas ainda não são satisfatórias para atender às necessidades e expectativas dessa faixa da população que cresce e consome cada vez mais.

De acordo com o economista Éder Canziani, se no Brasil realmente houvesse uma política que valorizasse de maneira mais eficiente a mão de obra dos idosos, eles sairiam do mercado de trabalho e estariam gozando da vida, viajando e descansando, ou seja, vivendo a vida da maneira que se imagina a velhice enquanto se é jovem. “Porque, pela constituição, diz que toda pessoa deve viver de forma digna e para viver de forma digna, todas as pessoas precisam ter um salário bom”, explica Éder.

Nos últimos anos, o Brasil apresentou um crescimento significativo da população idosa. De acordo com IBGE (2018), a população brasileira de idosos cresceu 18 em cinco anos e ultrapassou os 30 milhões no ano de 2017. Os dados revelam que as mulheres representam um número mais expressivo que os homens nesse grupo, sendo 16,9 milhões (56) e homens, 13,3 milhões (44). Na região Sudeste está concentrado cerca de 30 dos idosos.

O município de Presidente Prudente possui uma população estimada de 218.544 habitantes, segundo os últimos dados de 2018 divulgados pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade). Desse contigente, a população com 60 anos e mais representa 16,74. Isso representa mais 36 mil idosos domiciliados em Presidente Prudente. Ainda segundo o boletim demográfico divulgado pela insituição, o índice de envelhecimento subiu de 62,38, para 95,94 nos últimos dez anos.

Este aumento é reflexo da elevação da expectativa de vida. O crescimento da população idosa, como aponta o IBGE e Seade, convida toda a sociedade para um debate consciente sobre o idoso no contexto do mercado de trabalho.

Esta nova edição da Revista Prisma visa mostrar alguns perfis de idosos que ilustram a situação desse grupo no mercado de trabalho. A partir desses idosos selecionados, foi possível perceber três aspectos importantes:

  1. O idoso que está no mercado de trabalho apenas por hobbie, para se ocupar;
  2. O idoso que permanece no mercado de trabalho, mesmo depois de aposentado, para complementar a renda familiar;
  3. O idoso que ainda está no mercado de trabalho porque não conseguiu se aposentar.

A maioria dos entrevistados para este projeto ainda continuam no mercado de trabalho e não é apenas por opção. Antes de chegar a essa etapa da vida, eles tinham um padrão e o benefício não era o suficiente para sustentar a qualidade de vida adquirida nos anos anteriores. Assim, o idoso se vê obrigado a permanecer no mercado de trabalho.

Algumas pessoas chegaram ao estágio da terceira idade e resolveram aproveitar a vida, ou melhor, fazer aquilo que sempre tiveram vontade e nunca conseguiram. A bancária Aparecida Helena Crassu, após se aposentar, realizou um sonho antigo: estudar Arquitetura e Urbanismo.

“Eu nunca pude, porque eu trabalhava o dia inteiro. Primeiro que não tinha em Prudente e no meu tempo não tinha esse negócio de estudar fora”, comenta Aparecida. Aproveitar a aposentadoria para fazer o que gosta, ou simplesmente aproveitar para descansar após anos de luta, é um privilégio para poucos brasileiros.

Porém, há uma preocupação com o envelhecimento no país, que aconteceu de forma muito rápida e significativa. Estima-se que, na década de 2030, segundo dados divulgados pelo IBGE, mais da metade da população será idosa e, com isso, será necessário que o governo crie suas estratégias e planejamentos para dar respostas rápidas às demandas desta nova identidade populacional que se caracteriza com o passar dos anos.

O vídeo com professor e mestre em teoria econômica pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, Eder Canziani, produzido para esta matéria, ajuda a compreender melhor a relação atual do idoso e o mercado de trabalho.