Trabalhadores buscam na rua oportunidade de sobrevivência

Técnicas de venda com o uso da voz, publicidade ou outros atrativos são o diferencial que comerciantes deste ramo precisam para se destacar.

Por: Caroline Ghirotto, Evandro Batista, Thaís Ferreira e Wesley Colati

“Eu estou na rua porque não tive oportunidade de estudar quando criança e preciso de dinheiro pra viver”, conta o vendedor Cirineu Lopes. Mais conhecido como “Vai lá”, há 30 anos ele usa do carisma e da popularidade para vender cajá-manga e maçã do amor no calçadão de Presidente Prudente.

Seja pela falta de emprego, sobrevivência, independência, bem-estar ou até mesmo pelo desejo de levar cultura aos diversos lugares, é que muitas pessoas no dia a dia optam pelo tradicional “comércio de rua”, também chamado de comércio ambulante.

A atividade, que é desenvolvida de forma autônoma, atrai cada vez mais novos trabalhadores que buscam oferecer produtos de maneiras diversificadas aos consumidores.

A procura insistente por emprego e a falta de recursos financeiros foram as razões que motivaram o vendedor de pães, Paulo Brigato , a iniciar o próprio negócio. Ele conta que começou há mais de 20 anos, junto à esposa que fabricava os pães, a vender este produto.

Anos depois, devido a problemas de saúde dela, ele precisou assumir todas as tarefas sozinho e assim vive até hoje. “Eu prefiro trabalhar assim. Já pensei até em montar uma padaria, mas os gastos são muito altos, não compesaria”, revela.

 Já com Eliana Souza, os motivos foram bem diferentes de todos os outros. Para ela, o “trabalho de rua” foi uma oportunidade de se recuperar de uma experiência ruim do passado. “Eu sofri assédio moral em meu último emprego. Saí estressada e traumatizada. Vender pipoca com meu pai, além de me ajudar a ganhar dinheiro, contribui também com a minha recuperação mental”, diz.

Há seis anos como pipoqueira em um ponto fixo da praça 9 de julho, Eliana conta também que não pensa em deixar a profissão. “Não tenho mais vontade de trabalhar para os outros”, conclui.

Juliana Zanuto, que se considera cidadã do mundo, também tem outros motivos para estar no comércio de rua. Além de buscar diariamente pela própria sobrevivência, a jovem artesã conta que “vende cultura” através de seus produtos.

Eles são artesanatos, que variam entre brincos, colares, pulseiras, anéis e demais artigos, confeccionados artesanalmente e com peças de diversas partes do país. “Eu não paro, viajo muito, e, nestas viagens, recolho esses materiais para que a cultura do local chegue também a outros locais”, diz.

De acordo com o economista Wilson de Luces, o que fortalece este tipo de comércio é, principalmente, o “medo” que muitos vendedores possuem quanto aos impostos que pagariam com um negócio formalizado.

Ele conta ainda que este trabalho não exige especialização. “Uma tendência com potencial de crescimento pela sensação de liberdade que proporciona a estas pessoas, que usam das próprias habilidade para sobreviver.” 

Confira como a voz é indispensável no comércio ambulante!

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