VOCÊ TEM BOA MEMÓRIA OU É ESQUECIDO?

Com a agenda cheia de compromissos Léia reclama da falta de memória. Já Elzira celebra vida tranquila e lembra-se de tudo nos mínimos detalhes

Por: Pamela Dias

Qual é o seu perfil? Tem boa memória, facilidade de organização de tempo e tarefas? Ou é do tipo esquecido, que precisa de agendas, listas, alarmes para lembrar-se das coisas?

Léia Eudes, 27, é comerciante, casada e mãe de dois filhos pequenos. Ela diz se enquadrar perfeitamente no perfil de pessoas esquecidas, e brinca: “Esqueço de tudo e depois que casei, isso piorou muito”.

Os problemas com esquecimento começaram na faculdade. “Tenho déficit de atenção e como tinha muitos trabalhos para fazer, comecei usar uma agenda para me organizar e agora não vivo sem ela.”

Chaves do carro, casa, contas a pagar, datas de aniversários e consultas médicas estão entre os itens que ela mais esquece. “Mesmo anotando tudo, se o compromisso for a longo prazo ainda corro o riso de esquecer.”

O mais complicado, segundo ela, é chegar no banco e ter esquecido o boleto ou o dinheiro. “É constrangedor, mas acontece com frequência”, comenta.

Para lidar com isso, a comerciante além de usar uma agenda, faz listas de tarefas diárias e coloca alarmes no celular para lembrar de consultas médicas ou de compromissos dos filhos. “É essencial, se não esqueço até do aniversário do meu marido. Uma vez esqueci do aniversário do meu filho mais novo.”

Já Elzira Spindola, 72, possui uma memória invejável. A dona de casa tem uma capacidade peculiar de guardar datas de aniversários. “Lembro-me do aniversário de qualquer pessoa.” E me faz um desafio. “Se você me disser a data do seu, eu vou me lembrar para sempre.”

Na vila onde mora os vizinhos brincam com ela. “Vamos ver se esse ano ela vai lembrar do meu aniversário”, diz Denise Santana, 25, que mora a 3 casas de Elzira, que retruca: “Sei a data do nascimento de todos, e quando chega o dia eu lembro.” Entre parentes, amigos e até personalidades, a aposentada afirma que deve guardar (na mente) mais de 200 datas.

Para manter a memória saudável exercita bastante o cérebro com leituras e faz palavras cruzadas e exercícios de raciocínio lógico entre outros. “Pego essas revistinhas e resolvo tudo rapidinho”.

Elzira declara que só tem boa memória aqueles que não deixam tarefas acumuladas. “Inteligência é saber resolver as coisas no momento em que elas acontecem. E finaliza com a frase da música “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré, “Vem vamos embora. Que esperar não é saber”.

Não é apenas Elzira que desenvolveu uma boa capacidade de memorização, em sua familia todos tem facilidade.”Minha irmã também é assim”. De familia de esravos ela lembra que seus avós mesmo sem oportunidade de ir para escola aprenderam a falar Francês. E que seus pais iam até um professor para que ele anotasse a data de nascimento de todos os filhos para que quando registra-los no dia certo.

DOENÇAS DO CÉREBRO

Segundo o Dr. Antonio Ferrari, médico neurologista há 46 anos, muitas pessoas confundem a falta de atenção com problema de memória. “Com o grandes número de informações chegando por todos os lados, esquecer a chave do carro pode ser apenas uma pequena falta de atenção”, diz ele.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), tem causas genéticas, que aparece na infância, relata Dr. Ferrari, “ É um transtorno neurobiológico que pode ser tratado com medicamentos e o paciente apresenta boa melhora e até mesmo a cura”.

Outra doença que afeta a memória é o Alzheimer que apresenta sinais na velhice. “O Alzheimer não tem cura e agrava-se com o tempo, afetando memória, linguagem, orientação e atenção”, relata o Doutor.

Para o médico, os indivíduos portadores de doenças neurológicas recomenda-se fazer sempre anotações e exercitar o cérebro.

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