João Carlos da Silva, Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos
Esta pesquisa de Mestrado foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação da Unoeste, na Linha 1: Políticas Públicas em Educação, processos formativos e diversidade, em 2020. A Pedagogia de Projetos parte da premissa de que, ao elaborar projetos, o estudante desenvolve autonomia, criatividade, capacidade analítica, de síntese e poder de decisão, habilidades que podem auxiliar os jovens em sua vida pessoal e nas atividades profissionais. As escolas da rede do Serviço Social da Indústria do Estado de São Paulo (SESI-SP) implementaram no currículo, em 2017, Eixos Integradores como estratégia de interdisciplinaridade de uma ou mais áreas de conhecimento, pela qual os estudantes passaram a ter oportunidade de conhecer, integrar e aplicar saberes, por meio de projetos temáticos. E, as escolas vinculadas à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP) implementaram, em 2019, a Disciplina Eletiva, nos segmentos de Ensino Fundamental, séries finais, e Ensino Médio. Essas iniciativas partem da premissa de que, ao escolher conteúdos de seu interesse, o estudante do Ensino Médio pode vivenciar a Pedagogia de Projetos na prática. Analisar de que maneira o desenvolvimento da Pedagogia de Projetos, presentes nos Eixos Integradores nas escolas SESI-SP e nas Disciplinas Eletivas nas escolas do Programa de Ensino Integral da SEE-SP, contribui para os processos formativos de professores e de estudantes. A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma abordagem qualitativa em uma escola do SESI-SP e uma escola da rede estadual, no interior do Estado de São Paulo. Foram convidados para participar da pesquisa 05 estudantes da 3ª série do Ensino Médio de cada uma das escolas, e um professor de cada área do conhecimento, totalizando aproximadamente dez estudantes e oito professores, cuja participação deu-se em entrevistas reflexivas. CAAE 27054519.0.0000.5515. A análise foi realizada a partir da criação das categorias: processos formativos no contexto do ensino médio e vivência da Pedagogia de Projetos. Conforme relataram os participantes, o caminho percorrido no processo formativo apontou o aluno como sujeito do processo de ensino e de aprendizagem e o professor como mediador. Dessa maneira, a Pedagogia de Projetos mostrou-se importante estratégia para que o professor busque reelaborar sua função no processo de ensino e aprendizagem, entendendo o papel de protagonismo do aluno e abrindo espaço para a construção da autonomia.
Olá Dani. Você disse que os professores acreditam no potencial da pedagogia de projetos. Você trouxe até os indicadores que mostram isso. Apareceu algo parecido nas entrevistas com os estudantes? Você citou os estudantes, dizendo que eles conseguem perceber que os projetos façam com que eles possam ir além. Porém, chegou a captar algo sobre se os estudantes gostariam novamente de trabalhar segundo essa abordagem?
Oi Diego, tudo bem? Muito gratos pela sua participação e interesse. Foram aplicadas as entrevistas reflexivas com ambos participantes: professores e estudantes. Nos excertos de ambos apareceram os indicadores de satisfação com as disciplinas eletivas ou eixos integradores, além de aparecerem palavras como cidadania, autonomia, futuro, ou seja, palavras que indicam que eles observam que contribuem para o seu desenvolvimento cidadão e mais global. Os estudantes relataram que disciplinas eletivas e Eixos Integradores são algo que eles gostam. A partir disso inferimos que eles querem que continue a oferta sim. Qualquer dúvida estamos a disposição.
Olá Dani. Por aqui td certo.
Sempre bom ouvir e ler seus trabalhos. Você escreve na descrição do trabalho que “Conforme relataram os participantes, o caminho percorrido no processo formativo apontou o aluno como sujeito do processo de ensino e de aprendizagem e o professor como mediador”. Como você tem visto ao longo de suas pesquisas essa percepção do professor como mediador e não mais como palestrante? Já ouvi relatos de professores que se sentem culpados por não “darem aula”. Que entendem o processo de mediação, entendem esse novo papel, mas ainda sim cobram a si para dar aulas expositivas (sempre) e trabalhar com os projetos de forma paralela. Isso tem aparecido nas suas pesquisas ou na sua vivência? Abraços
Oi Diego, muito boas as suas contribuições. Agradeço pela sua leitura cuidadosa e zelosa. Em relação ao não “protagonismo” do professor, tenho observado (mas ainda não objetivei em pesquisa), nas vivências com escolas estaduais, que há uma dificuldade imensa, por parte dos docentes, em deixar o peso do protagonismo. Os motivos podem ser diversos, inclusive eu tenho algumas hipóteses quando se trata da inclusão de estudantes com deficiência. Mas é bem perceptível que, de alguma maneira bastante contundente, um dos entraves ou dificuldades de gerenciamento das metodologias ativas de aprendizagem ou metodologias que atribuam autonomia aos estudantes, é o próprio professor entender que ele não precisa dominar tudo. Quem sabe em breve eu consiga organizar algo sobre isso em termos de pesquisa e consiga trazer. Tenho uma orientanda que está discutindo sobre MAA, mas é com gestores (coordenadores pedagógicos). Vamos conversando, abraços.