As infecções fúngicas adquiridas em ambiente hospitalar são causadoras de importantes complicações. Além disso, pacientes hospitalizados em estado crítico são mais susceptíveis ao desenvolvimento de candidemia na presença ou não de candidúria. O objetivo do estudo foi caracterizar as candidúrias de pacientes internados em hospital de nível terciário e estabelecer os fatores de risco associado ao desenvolvimento de candidemia. Estudo retrospectivo realizado a partir da coleta de dados de prontuários médicos de 125 pacientes com idade >=18 anos e que obtiveram cultura de vigilância de urina positiva para Candida spp. Os dados coletados referem-se ao período de hospitalização em um hospital de nível terciário em Presidente Prudente-SP, Brasil, entre os anos de 2019 e 2020. Foram avaliadas as informações demográficas, comorbidades, uso prévio de antibióticos, corticoterapia, sondagem vesical de demora, procedimentos cirúrgicos, manejo terapêutico, desfechos dos pacientes, e quais desses pacientes a princípio com urina positiva para Candida spp evoluíram para candidemia. Foi realizado uma análise descritiva dos dados coletados por meio da verificação de porcentagem e média. Dos 125 pacientes com cultura de urina positiva para Candida spp, 5 desenvolveram candidemia. Foi considerado como fator de risco, internação em Unidade de Terapia Intensiva, presença de doenças de base, cirurgia abdominal recente, uso de sonda vesical de demora e antibioticoterapia prévia. A possibilidade de se desenvolver candidemia a partir de uma candidúria é baixa, porém, a instalação de um quadro de candidemia piora o prognóstico do paciente crítico.
[MODERADOR] Olá! Gostaria de parabenizar o grupo pelo trabalho de qualidade desenvolvido. A pesquisa do grupo deixa claro a importância do conhecimento do perfil microbiológico destas infecções para a definição de medidas de prevenção, controle e tratamento. Durante a coleta dos dados retrospectivos, o grupo notou/coletou desfechos negativos nos pacientes com candidemia?
Olá, muito obrigada pelo reconhecimento! Dentre os pacientes que desenvolveram candidemia verificamos que 80% tiveram óbito como desfecho. Entretanto, nosso estudo não analisou se o óbito foi atribuído somente ao quadro de candidemia, visto que estes pacientes estavam em condições clínicas graves, e portanto, outros fatores podem ter contribuído para esse desfecho, em especial, a presença de doenças de base como: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, obesidade, insuficiência renal e cardíaca.
[MODERADOR] Olá Camila! Muito importante sua colocação. Embora não tenham analisado a causa do óbito, é uma informação muito relevante. Talvez a candidemia tenha aumentado a chance de óbito em pacientes críticos, mesmo não sendo a causa direta da morte. Vocês possuem perspectivas para continuar a pesquisa na área? Qual achado do trabalho que te impressionou mais?
Olá Bianca, obrigada pelo seu retorno! E sim, com certeza a presença de candidemia pode ser um agravante que contribui para um desfecho negativo!
Em relação a perspectiva de continuação da pesquisa, em um futuro mestrado, talvez sim, pois, é uma área encantadora e que demanda mais estudos.
Um dos achados que mais nos impressionou foi que cerca de 11% do total dos pacientes não realizaram a hemocultura, que é um exame de suma importância, sobretudo, quando trata-se de pacientes críticos e mais susceptíveis ao desenvolvimento de algum tipo de infecção de corrente sanguínea.
[MODERADOR]Olá Camila. Realmente este dado é muito impactante. Parabenizo novamente o grupo pelo excelente trabalho desenvolvido.