Pedagogia de projetos como formação de consciência histórica na educação básica

30 set    Humanas (2021)

Gustavo da Silva Costa

Partindo da minha atuação como docente, ministrando aulas de História na Educação Pública da secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Ao longo do período de quatro anos atuando na docência da Educação Básica, tenho observado que, majoritariamente, os alunos possuem pouco apresso pelas disciplinas de Humanas, além de, possivelmente não entenderem o real sentido de estudá-las. Uma boa construção do ensino de tais componentes torna-se responsável pelo desenvolvimento da cidadania e de transformações nas ações dos estudantes. Essa transformação ocorre de forma prática na sociedade, e o estudo estimulador dessas disciplinas, pode gerar diversas mudanças sociais com o desenvolvimento de Consciência Histórica (RUSEN, 2011). O Objetivo é entender como a utilização da Pedagogia de Projetos, como prática metodológica na sala aula auxilia na construção da Consciência Histórica nos estudantes da Educação Básica. A ação pedagógica por projetos pode auxiliar no desenvolvimento da Consciência Histórica e crítica, não de uma forma disciplinar mas interdisciplinar, uma capacidade de pensar a sociedade e seus atributos de forma integrada, tornarem-se pessoas que problematizem as situações na tentativa de buscar soluções inclusivas e conscientes frente às necessidades individuais e sociais. Pude concretizar um projeto pedagógico na turma do 7º ano do Ensino Fundamental. O projeto fora dividido em uma etapa de planejamento e três etapas de execução, na qual orientei os alunos e alunas o resultado que queríamos chegar. Movidos pelas diretrizes curriculares do Estado de São Paulo da disciplina de História, os alunos (as) produziram cartazes elencando, por meio de desenhos e recortes, e de seus conhecimentos acerca da imaginação de como seriam as Grandes Navegações do século XV e XVI. Adiante, na segunda etapa, os (as) discentes realizaram uma pesquisa assídua do que seria de fato, segundo os historiadores, esse momento de descoberta dos mares, para isso fora utilizado livros didáticos, sites acadêmicos e vídeos de docentes especialistas na área de História. A terceira etapa do projeto, desencadeou na produção de novos cartazes ilustrativos e produção de vídeos explicativos, entretanto, essa nova produção, tornara-se diferente da primeira etapa, já que os (as) alunos (as) verificaram que seu imaginário diferia, em grande parte, do fato histórico narrado pela historiografia. Isso influenciou os pré-adolescentes na busca da pesquisa, do conhecimento e do senso crítico.

5 Comments

  1. Muito interessante observar o deslocamento do imaginário dos estudantes em relação à ideia de navegação e como de fato as navegações ocorriam. Você acredita que passado um tempo da aplicação dos projetos, os estudantes obtiveram um aprimoramento da consciência histórica sobre navegação? E sobre outros assuntos?

    1. [AUTOR] Diego, foi perceptível o desenvolvimento dos/as estudantes no que se refere à Consciência Histórica. Este foi um dos projetos que realizamos, porém foi um “pontapé” inicial para que os fatos históricos fossem problematizados pelos próprios estudantes. Ao longo do ano letivo, todos os conteúdos que estudávamos era problematizados pelos estudantes.
      Registrei a fala de um aluno: ” Professor, então quer dizer que tudo que a História produziu tem um interesse de alguém, mas e os fatos que contam somente o lado dos que ganharam as guerras?”
      É um caminho sutil e gradativo, mas essa metodologia transformou a visão histórica dos meus estudantes.

      1. Legal Gustavo. Essa visão de que a história é escrita pelos vencedores é algo que é difícil de ser percebido se não há uma boa mediação. E como você se sentiu fazendo esse papel de mediação? Houve insegurança? Sentia a pressão de achar que não estava dando aula quando media o trabalho dos estudantes? Ou não, foi tranquilo para você ressignificar seu papel de professor.

        1. [AUTOR] Diego, não foi tão simples, à princípio. Infelizmente, ainda se tem uma visão equivocada da Mediação do professor, e ainda se tem a impressão que que não está acontecendo o aprendizado, ou o professor não está dando aula. Mas eu tenho forte comigo, que de fato não quero dar aula, como diz Léa das Graças Camargos Anastasiou ; Leonir Passate Alves no livro “Processos de Ensinagem na Universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula” (2003), quero “FAZER AULA” junto com os estudantes.
          Mas, até chegar nos resultados, a insegurança vem, já que para grande parte de gestores e coordenadores aula boa é quando os alunos estão sentados em silêncio e o professor falando aos ruídos dos ventiladores, isso não aconteceu e não acontecerá quando se trabalha com projetos.

  2. Muito interessante observar o deslocamento do imaginário dos estudantes em relação à ideia de navegação e como de fato as navegações ocorriam. Você acredita que passado um tempo da aplicação dos projetos, os estudantes obtiveram um aprimoramento da consciência histórica sobre navegação? E sobre outros assuntos?

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