https://drive.google.com/file/d/1yh0wWfVWp-s0WC1JjyIFtdtNsjsoXxiH/view?usp=sharing
A Iara é uma personagem famosa na literatura infantil, atribuída aos mitos Tupi e relacionada ao rio Amazonas. O nome tem, de fato, origem tupi e é traduzido como “senhora da água” e pode se relacionar ao homem, com o sentido de dominador. Consta ainda o personagem Ipupiara, que atacava pescadores para devorá-los no fundo dos rios. A construção da imagem de mitos indígenas foi uma empreitada de brancos, do não índio. Apesar de, muitas das vezes, bem-intencionada, o referencial imagético dos ilustradores era, e ainda é, a cultura europeia, que se fortaleceu ao condenar à morte culturas populares e alheias (CERTEAU, 1995) e conforta-se em catalogar a mitologia viva dos povos originários em categorias como o fantástico ou o maravilhoso, aprisionando-a de maneira a cristalizá-la e torná-la menos ofensiva para a sociedade branca. A pesquisa é, portanto, a revisão imagética da materialização da Iara e outros seres aquáticos presentes na mitologia indígena, em especial a Yanomami e a Tupi. Geral: Elaborar ilustrações da Iara e outros seres aquáticos que fazem parte da mitologia Yanomami e Tupi. Específicos: Fazer um levantamento das imagens da sereia brasileira. Fazer um levantamento de mitos yanomami e tupi que tenham a sereia ou seres aquáticos como personagens. Analisar as imagens em comparação com os mitos para efetuar a criação de ilustrações mais condizentes com a cultura dos povos originários. A pesquisa é artística e de fonte bibliográfica, com coleta de imagens quantificada para uma avaliação da forma de representação usual da personagem Iara e outros seres aquáticos dos contos de povos originários do Brasil. Depois da leitura do referencial teórico, as imagens serão esboçadas, para ser passada a um suporte adequado e finalizado. Quase a totalidade das representações da Iara são de seres antropozoomórficos, a metade superior sendo do corpo feminino e a inferior, de cauda de peixe. Essa representação, a mistura de corpos humanos com o de animais, é típica da cultura grega e egípcia. Uma imagem coletada não mostra a cauda de peixe. A representação imagética da Iara segue o padrão do imaginário exógeno à cultura dos povos originários do Brasil, o que deve ser revisto a partir da difusão de imagens que respeitem a verdade cosmogônica da cultura original.
Muito interessante como é discorrido a história considerada lendas e mitos indígenas. Gostei muito Parabéns!
Muito interessante a forma que descrevem a sereia na conclusão, não é como a imagem que sempre estamos acostumados, metade mulher e metade peixe. Para algumas tribos os humanos podem se transformarem em animais e os animais podem se transformarem em humanos. Adorei!
Deixo aqui meu agradecimento por ter sido convidada a fazer parte desse projeto incrível ao qual nossa orientadora Profª Drª Luli Iata me presenteou. Parabenizo a colega Lorraine pela sua apresentação sobre a imagem do mito da sereia através de uma visão indígena de nossos povos originários, vindo a contribuir para o enriquecimento de nossos estudos neste campo. Espero que todos possam apreciar este trabalho feito com carinho e muita pesquisa, especialmente para o ENEPE 2022, quando a UNOESTE completa seus 50 anos, parabéns!
Fico contente com as participações!
Compreender a cultura dos povos originários a partir de seu próprio olhar é fundamental para entendermos a sabedoria contida nos mitos. Aqui temos o recorte da representação imagética de uma personagem que consideramos “mitológica”, no sentido de “irreal”. No entanto, a mitologia indígena é parte da sua cosmogonia, trata-se de uma “verdade” espiritual. O que consideramos “sobrenatural”, para o indígena (e para outras religiosidades que têm vínculo forte com a natureza), é a própria natureza.
Gostaria de agradecer o apoio da professora Luli e a colega Adriana. Também sou grata pela oportunidade de pesquisar, desenvolver e apresentar esse trabalho . Um tema tão importante acerca do folclore brasileiro e ainda assim passado por tanto tempo com a visão da imagem da Iara tão distorcida de relatos indígenas