Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de colo do útero é a terceira malignidade mais recorrente entre as mulheres. O Papanicolau, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), visa diagnosticar alterações celulares no colo do útero e também possibilita a detecção de algumas infecções. Deve ser realizado por mulheres que já iniciaram a vida sexual, principalmente entre 25 e 59 anos, a cada três anos após a realização de dois exames com resultados normais. Esse relato tem como objetivo salientar a importância da realização do Papanicolau. Durante os atendimentos prestados às mulheres nas Unidades de Saúde, realizamos algumas coletas de colpocitologia oncótica. Primeiramente, é feito o acolhimento, a anamnese e o exame físico da paciente. O Papanicolau é coletado de acordo com a necessidade ou queixa de cada uma delas. Explicamos que o exame possibilita a detecção de neoplasias cervicais e IST’s, além de permitir a inspeção genital que pode identificar lesões visíveis. Esse rastreamento é imprescindível para o tratamento precoce e bom prognóstico das doenças. O método consiste na introdução de um espéculo, preferencialmente descartável, no canal vaginal. É feita a inspeção da região e a coleta de material da ecto e endocérvice com espátula de Ayre e escova endocervical. O material é então colocado em uma lâmina de vidro previamente identificada que será armazenada em frasco com álcool 70%. Todos esses passos são supervisionados pela preceptora. Após a coleta, esclarecemos eventuais dúvidas, frisamos novamente a importância da realização periódica do Papanicolau e, principalmente, o retorno com o resultado a fim de estabelecer a conduta adequada. O exame, quando realizado periodicamente, permite a identificação de lesões precursoras de câncer de colo uterino, cujo principal causador é o Papilomavírus Humano (HPV), para que possam ser abordadas precocemente, impedindo a instalação da doença. Estima-se que se detectado em fase inicial, as chances de cura desse câncer são de 100%. Além disso, ele também permite o diagnóstico e tratamento de infecções por clamídia, gonorreia, candidíase, vaginose bacteriana, entre outras. Sendo assim, é fundamental o incentivo e orientações adequadas às pacientes para a realização do Papanicolau e continuidade do acompanhamento.
[MODERADOR] Olá, Felipe e Natalia. Parabéns pelo trabalho desenvolvido. Considerando que o câncer de colo de útero é uma neoplasia que apresenta elevada taxa de incidência e de mortalidade, passível de detecção, o trabalho desenvolvido por vocês, com incentivo e orientações adequadas às pacientes, possui um grande impacto na saúde pública do Brasil. Poderiam compartilhar conosco as dificuldades encontradas durante a realização do exame? Na opinião de vocês, quais fatores mais impactam para que algumas mulheres não realizem periodicamente o exame?
Boa tarde, Bianca!
Acreditamos que a maior dificuldade encontrada tenha sido a abordagem e a relação médico-paciente. Desde o início do atendimento, foi preciso estabelecer uma relação de confiança com as pacientes, ainda que aquele fosse nosso primeiro contato. Adotamos uma postura ética e acolhedora para que elas se sentissem o mais confortável possível, explicamos a importância do exame e o passo a passo da coleta antes do início do procedimento.
Para nós, os fatores que mais contribuem para que algumas mulheres não realizem periodicamente os exames consistem na desinformação, já que muitas pacientes desconhecem os objetivos do exame e, também, o constrangimento que elas sentem durante o procedimento. Esses fatores podem ser facilmente solucionados através da priorização de um atendimento humanizado, orientando e esclarecendo sobre as dúvidas existentes.
[MODERADOR]Olá Felipe! Muito importante sua colocação. Acredito que a relação médico-paciente seja realmente uma dificuldade geral, em todos os atendimentos, e que impacta muito na identificação e tratamento de doenças. Que linda a atitude de vocês em prestar esse atendimento humanizado. Vocês já conseguiram perceber na prática que essas mulheres, que passaram por esse tipo de atendimento, possuem maior aderência nos exames periódicos? Daria um estudo científico muito rico.
Agradeço pelas considerações Bianca. Na verdade não conseguimos avaliar se houve uma maior adesão dessas mulheres. Perdemos seguimento devido ao término do estágio que durou o semestre. Entretanto, acreditamos que essa abordagem humanizada é fundamental para que as pacientes sintam-se motivadas e seguras à procurar o serviço de saúde e realizar o exame periodicamente.
[MODERADOR]Olá Natalia! Muito bem, também acredito que este é o melhor caminho a se trilhar. Parabéns pelo trabalho e apresentação em nosso evento científico, vocês brilharam!