Por que o perfil dos assentados?

Muita luta e pouco reconhecimento originou a ideia de desenvolver esse trabalho

Por: Gabriel Torres e Mariane Ferreira Infográfico: Daniel Souza

As pessoas sempre tiveram em si a gana de ter um espaço para chamar de seu. Relatos da história evidenciam as atividades dos nômades, que passaram a viver em um lugar fixo e abandonar a prática de mudanças constantes.

Espalhados pelo mundo existem grupos que passaram a trabalhar com foco no objetivo de ter uma moradia e no continente americano eles se concentram com mais intensidade. Esses grupos buscam além de uma moradia, um lugar para produzir e viver da sua agricultura.

No processo de descobrimento do Brasil, já havia sinais da questão agrária com a chegada de nossos colonizadores que se instalaram na região nordeste do país. Conflitos como a Guerra de Canudos (1893-1897), que ocorreu na Bahia e a Guerra do Contestado (1912-1916), que ocorreu entre o Paraná e Santa Catarina, ganharam destaque nesse período de conquistas de terras.

Movimentos que reivindicavam o direito do trabalhador em ocupar as terras devolutas e griladas foram cruciais para a efetivação da reforma agrária. Terras que a princípio eram distribuídas em capitanias hereditárias, onde os proprietários disponibilizavam a terra para que os posseiros a explorassem ao máximo Depois de aproveitar das atividades dos posseiros, os proprietários os expulsavam, exigindo as terras de volta. Durante o período de 1955 ocorreu o auge dessas expulsões, fazendo com que os posseiros de todo o país unissem forças para criar movimentos que pudessem os representar.

Na região do Pontal do Paranapanema, localizado no extremo sudeste do estado de São Paulo na confluências dos rios Paraná e Paranapanema, ocorreram diversos conflitos e uma intensa atividade dos movimentos pela reforma agrária. O município de Presidente Bernardes está situado nessa região, onde o auge de ocupações foi nos anos 1990 em ações realizadas pelo MST. Presidente Bernardes hoje possui cinco assentamentos, sendo eles: Água limpa, Florestan Fernandes, Palú, Rodeio e Santo Antônio.

A peça prática do trabalho será uma nova edição da Revista Prisma, criada em 2013 e implantada em 2014, na Faculdade de Comunicação de Presidente Prudente (Facopp), com o intuito de contar a história de cinco famílias que acamparam e hoje estão assentados no município de Presidente Bernardes. No trabalho haverá a produção de imagens para a elaboração de uma galeria de fotos, vídeos com declarações de cada família, crônicas e poesias sobre a luta pela terra, declarações dos assentados e reportagens do tipo perfil.

O intuito dessa revista não é apenas resgatar o histórico de lutas, mas também das cinco famílias selecionadas, detalhando toda a sua trajetória até a conquista de sua terra. Com o passar dos anos a luta pela terra passou a ocorrer com menos intensidade, por falta de investimento e também porque aqueles que ali estavam alcançaram o seu objetivo, sendo assim aos poucos foram abandonando a causa. O pouco apoio ao jovem também é o reflexo nessa queda, pois o campo não oferece as mesmas oportunidades hoje presentes na cidade.

Esse trabalho possibilitará uma maior compreensão sobre a questão agrária e os seus movimentos, principalmente o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), explicando a sua origem no município de Presidente Bernardes e de que forma suas atividades passaram a ocorrer com menos intensidade.

Para o relato dos assentados será utilizada o gênero de reportagem perfil. Esse estilo de reportagem tem a função de detalhar com riqueza a história de um personagem e pessoas que estão ligadas a ele. Por intermédio da reportagem de perfil é possível destacar as características do personagem, podemos conhecê-lo e isso torna o desenvolver da entrevista mais natural, possibilitando também que o público saiba mais detalhes do entrevistado.

Nesta pesquisa utilizamos a abordagem qualitativa, sendo assim como pesquisadores descrevemos o objeto de estudo de forma mais profunda, estudando determinado personagem ou grupo, tendo a possibilidade de obter mais de um resultado. Neste exemplo podemos destacar a profundidade com que o tema foi estudado, trazendo relatos desde os antepassados até as lutas pela terra nos dias atuais e o estudo de grupo se encaixa no relato dos assentados, onde apesar de todos terem vivenciado o mesmo processo, cada um teve uma forma de encarar e uma opinião formada atualmente.

A classificação exploratória foi escolhida para a pesquisa com o intuito de possibilitar maior intimidade com o problema destacado,o tornar mais explícito e construir hipóteses. Com o desenrolar da pesquisa os pesquisadores puderam conhecer mais sobre a realidade dos assentados e dessa forma através de fichamentos em livros e até mesmo nas entrevistas, todo conhecimento conquistado foi aproveitado para ser posto em prática no projeto.

O método histórico foi utilizado com a intenção de trazer a tona acontecimentos do passado, onde participaram do processo de luta pela terra e relacioná-los aos objetivos que foram alcançados com as conquistas.

Através da coleta de dados e da pesquisa bibliográfica, os pesquisadores tiveram maior conhecimento sobre o assunto para a elaboração das entrevistas. Na pesquisa foram utilizados livros de referência informativa, para que houvesse um conteúdo com maior veracidade na elaboração do projeto. Livros, artigos digitais e físicos sobre a questão agrária foram as ferramentas de auxílio para a moldagem da ideia dos pesquisadores.

Utilizamos a pesquisa de campo, pois através dela podemos apresentar o conhecimento de forma mais profunda e flexível. Nessa forma de pesquisa é preciso que a maior parte do trabalho seja realizada pessoalmente. Através de nossa pesquisa de campo conseguimos informações sobre os cinco assentamentos escolhidos, possibilitando que os pesquisadores pudessem retratar sobre o objeto de estudo de maneira mais crítica.

Através das entrevistas em profundidade do tipo semi-aberta, usamos de uma técnica qualitativa a fim de conhecer o entrevistado por meio de um roteiro de perguntas.