SELFIE: DESCONTRAÇÃO OU AUTOPROMOÇÃO?

Palavra selfie tem mais de 17.000 de uso em redes sociais ao mês.

Por: Mariana Alves

As redes sociais instalaram-se definitivamente no dia-a-dia das pessoas, seja por diversão, amizade ou motivos profissionais. É fácil perceber a dependência das pessoas por um celular ou qualquer que seja a tecnologia que as conecte com o mundo virtual. Nos corredores da faculdade essa é uma realidade bem visível, por toda parte tem sempre alguém com um celular, seja tirando foto, mexendo em algum aplicativo, mas sempre com ele em mãos.

 Recentemente o Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa, anunciou que um novo verbete passaria a figurar em suas páginas: selfie, que reúne o substantivo self (eu, a própria pessoa). A definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.” Segundo a casa editorial e departamento da Universidade de Oxford á Oxford University Press, o dicionário Oxford só aceitou o novo verbete porque as citações da palavra “selfie” cresceram 17.000 mensalmente ao ano.

 A facilidade em se obterem aplicativos cada vez mais evoluídos, tendo apenas em mãos um aparelho de celular, chama a atenção para uma realidade característica dos tempos digitais: a exposição exagerada das pessoas em redes sociais.

 Segundo o psicólogo prudentino Vinicius Oliveira, 27, professor em uma escola de cursos profissionalizantes  e prestador de  consultorias em algumas empresas da cidade. As pessoas se expõem nas redes sociais, seja com fotos, vídeos, sem pensar no que essa condição pode lhe causar. A vontade de aceitação se torna cada vez maior, talvez seja porque na correria do dia a dia as pessoas tenham perdido um pouco da sensibilidade de um contato básico e a carência tenha aumentado. “Nas redes sociais é muito fácil de perceber isso, a realização desse desejo se manifesta através dos likes ou curtidas, então a vantagem é mostrar o lugar onde está, expor o corpo, o carro enfim, tudo para uma maior aceitação da sociedade.’’

Um bom exemplo de exposição são os famosos  “selfies”, quando as pessoas tiram um  autorretrato nas mais diversas situações e postam nas redes sociais. Curiosamente, o “selfie” não é invenção do mundo digital. O primeiro registro reconhecido como tal foi em  1839, assinado pelo fotógrafo Robert Cornelius. O autorretrato  é um gênero  muito antigo desde as pinturas de Tarsila do Amaral e Van Gogh, que  assim como os selfie eram autorretratos  em pinturas. O autorretrato mais famoso da historia  foi a orelha enfaixada, pintado por Vincent van Gogh , em 1888, após uma crise que o leva a cortar o lóbulo da orelha esquerda.

Na era digital, o “selfie” veio com toda força, com os avanços tecnológicos de aplicativos para celulares tornou-se popular entre os internautas. Passou a ser um gesto comum esticar o braço segurando o celular apontado para o rosto e depois compartilhar a foto em redes sociais como o Instagram ou Facebook. Larissa Santana, 20, estudante de moda, diz que em média  costuma tirar 12 “selfies” por dia, entre passeios e fotos do cotidiano. Mas quando expõe as peças de criações ou croquis próprios chega a postar o dobro de fotos na rede. ‘’Gosto de compartilhar com meus amigos meus momentos, minhas criações e os lugares por onde passo. Não  vejo isso como  exposição e muito menos como exibicionismo e sim uma forma divertida de mostrar como levo a vida.’’

 O psicólogo Vinicius  separa os autores de “selfies” nas redes sociais em três grupos, o primeiro é formado gente que costuma parar diante do espelho, na academia e se exibir para a câmera. O segundo reúne aquelas pessoas que querem apenas mostrar seu estado de espírito – felicidade ou tristeza ao acordar, ao encontrar um amigo. Por último, tem os que querem mostrar que está em algum lugar, mas sempre se pondo como plano maior na imagem.

A propagação dos selfie na rede, tem muito haver com a grande dependência das tecnologias no mundo atual,  a vontade de registar tudo o que se passa a todo momento. A exposição exagerada vem se mesclando com a vasta tecnologia interativa  de aplicativos disponíveis no mercado. Segundo Aline Aguiar,23, estudante, o selfie já faz parte da sua rotina diária,  é natural postar varias fotos durante o decorrer do dia, mesmo que seja apenas uma foto na frente do espelho. ” Sou compulsiva por redes sociais, não consigo ficar sem o meu celular. Sou totalmente dependente das novas tecnologias.”

Ao contrario de muitas jovens, Camila Moreira, 22, caixa, é totalmente desprendida de tecnologia, tem apenas um celular  com as funções básicas, não tem acesso a internet nem á nenhum aplicativo. ‘’ As pessoas perdem muito tempo mexendo em celulares, não aproveitam o momento, pois  ficam o tempo todo vidrados na tela do aparelho. Não gosto de me expor em redes sociais, acho extremamente desnecessário.’’

Podcast com o psicólogo Vinicius Oliveira