Recuperação de solo arenoso vira tema de simpósio nacional

8270gSolo arenoso degradado deixa a condição de condenado o cultivo agrícola e a produção de pastagem de qualidade, contudo a tecnologia de recuperação de fácil aplicação traz resultados revolucionários. Modelo desenvolvido na região de Presidente Prudente se encaixa entre as iniciativas que se tornaram referência no segmento agropecuário brasileiro – desenvolvido com a participação de pesquisadores da Unoeste – e motiva a realização do 1º Simpósio Nacional de Uso Sustentável de Solos Arenosos, na primeira semana de setembro de 2014.

A prática rotacionada de dois anos com o cultivo da soja e dois anos com a criação de gado tem apresentado resultados extraordinários na fazenda Ybyete Porã, no município de Rancharia (SP), de propriedade do engenheiro agrônomo Edinaldo Mathias, que foi extensionista da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, com serviços prestados à Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). Uma fazenda que chega a produzir 75 sacas de soja por hectare e tem o boi pronto para o abate em no máximo 30 meses e com 20 arrobas, conforme o pesquisador João Kluthcouski.

João K, como é mais conhecido, trabalha para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa Cerrados, sediada em Planaltina, no Distrito Federal. Considerado o pai do sistema integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e maior difusor dessa tecnologia no Brasil, prenuncia que a Unoeste está se transformando na instituição brasileira que irá dominar a tecnologia de uso sustentável de solos arenosos. De nova visita à universidade, João K apresentou nesta terça-feira (17), aos pesquisadores da Unoeste, a minuta de realização do simpósio.

O evento é planejado com as apresentações de trabalhos científicos expostos em pôsteres, reunindo o que há de mais importante no Brasil nesse segmento, visando a possível publicação de livro que sirva como recomendação técnica aos produtores brasileiros interessados na integração lavoura e pecuária como meio de promover o desenvolvimento sustentável. O simpósio será na Unoeste, em parceria com a Embrapa e a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, que tem sede em Maringá (PR).

Economia – No Brasil existem 90 milhões de hectares de solos arenosos degradados, nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Bahia, Maranhão e Piauí; que estarão representados no simpósio. Os solos em degradação representam quase o dobro da área de produção de grãos que ocupa 50 milhões de hectares. As áreas com solos arenosos são esparsas e, como tal, ficam ao lado de áreas produtivas, de tal forma que ambas eram utilizadas para produção. O mau uso levou a área com solo arenoso à degradação, passando então a ser utilizada para criação de gado, mas com pasto de baixa qualidade.

Na medida em que as terras vão se tornando improdutivas, os produtores avançam no sentido do Amazonas, em regiões de menor densidade demográfica do país. Então, para escoar a produção às regiões mais densas, ocorre o aumento do Custo Brasil, na manutenção de rodovias, no transporte da produção para longas distâncias e nos desperdícios pelo caminho. É mais viável economicamente recuperar as áreas com a produção de soja e pastagem com braquiária. “O grande negócio é que a braquiária melhora as terras: física, química e biologicamente”, afirma.

Explica que por produzir muita matéria orgânica, a gramínea retém água em profundidade, fazendo com que os veranicos não sejam letais e permitindo produzir espécies vegetais com sucesso. Exemplifica que na seca de 2005, com 40 dias sem chuva, a produção de soja da Ybyete Porã foi de 40 sacas por hectare, apenas dez a menos que a média nacional. A prática rotacionada nessa fazenda, eleita como modelo, vem sendo feita nos últimos 13 anos, incluindo a transferência de tecnologia para 22 pequenos e médios proprietários vizinhos, todos bem-sucedidos.

O gado para recria e engorda, além da alimentação a pasto, recebe apenas sal mineral; portanto, sem qualquer suplemento calórico. “Tem o custo da produção da arroba em torno de R$ 29, quando pelo Brasil afora varia de R$ 80 a R$ 90”, comenta o pesquisador da Embrapa, o paranaense descendente de ucranianos, formado agrônomo em Pelotas (RS), em 1973, com mestrado no Mississippi, no sudeste dos Estados Unidos, e doutorado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a Esalq/USP em Piracicaba (SP).

Para ele, a atuação dos pesquisadores da área agronômica da Unoeste é de fundamental importância no desenvolvimento da integração lavoura e pecuária e os excelentes resultados alcançados; conforme disse em entrevista à Rádio Facopp, a emissora web da Faculdade de Comunicação Social da Unoeste, pouco antes de se reunir e discutir as ações iniciais de estruturação do simpósio, com os doutores Fábio Araújo e Carlos Tiritan, respectivamente coordenadores do mestrado/doutorado e da graduação em Agronomia, os professores Edemar Moro, Neimar Nagano e Paulo Claudeir Gomes da Silva; e os convidados Edson Alves Cardoso e José Hajime Takahashi.

Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste

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