Pesquisa detecta comportamento de gestão e de estratégias de recriação que chegam a surpreender o pesquisador.
Witkowski contou que encontrou manejos de produção agroecológicas, como no caso do modelo produtivo em sistema de agroflorestal, com o cultivo de café sombreado por árvores nativas. Viu a utilização de compostagem para evitar o uso de adubo químico. Com a aplicação do princípio da coprodução, o esterco de gado, retirado do estábulo, utilizado no pasto, resultando em uma boa alimentação e melhor produção de leite, em qualidade e quantidade. Leite que vai para a cozinha doméstica, onde é processado artesanalmente, na fabricação de doce.
Encontrou propriedades com a manutenção de áreas de preservação permanente. Teve a oportunidade de ver a prática de retroinovação, através do resgate de tecnologia do passado, com a transformação de uma roçadeira Tobata num microtrator utilizado para transportar, do local da produção até à base da propriedade, produtos da fruticultura e hortifrutigranjeiros. Outra medida interessante foi à utilização da vazão de água no tanque de piscicultura para fertirrigação de coqueiral, para aumentar a produção de coco e, com o estímulo à florada, favorecer a produção de mel.
“Chegou a me surpreender a visão do pequeno agricultor mostrando que uma atividade pode ser integrada a outra, beneficiando a economia da propriedade e promovendo equilíbrio ambiental”, disse o autor do estudo motivado pelo interesse em buscar experiências vividas no campesinato, meio no qual o trabalho está centrado na força da família e pelo qual se estabelecem contradições ao capitalismo que, em muitos casos, ignora os processos de gestão ambiental; ainda que esse sistema econômico contemple pessoas com melhor formação em relação aos camponeses.
Outro fato detectado pelo autor da pesquisa foi sobre sericicultores que se uniram para buscar amparo na justiça, junto ao Ministério Público. O agrotóxico utilizado no cultivo da cana-de-açúcar é levado pelo vento e atinge a produção ao ser fixado nas folhas das amoreiras que servem de alimentação para as lagartas, que comem e morrem. “Eles se articularam em estratégia de enfrentamento à ação do capital; ajuizaram a questão para exigir mais responsabilidade na pulverização aérea”, comentou.
A defesa pública da dissertação resultante da pesquisa foi feita na manhã desta sexta-feira (24), numa das salas da PRPPG, no Blobo B-2 do campus II da Unoeste. Compuseram a banca o orientador Dr. Munir Jorge Felício e os avaliadores doutores Maíra Rodrigues Uliana e Eraldo da Silva Ramos Filho, convidado junto a Universidade Federal de Sergipe (UFS), participando à distância, por Skype. Witkowski, que contou com a coorientação do Dr. Paulo Antonio da Silva, foi aprovado para receber o título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.
Notícia disponibilizada pela Assessoria de Imprensa da Unoeste.