“TOKYO REVENGERS”: O RETRATO DE UMA MARGINALIDADE

Tokyo Revengers é um mangá (HQ japonesa) de autoria de Ken Wakui, lançado em formato seriado desde março de 2017,foi adaptado para anime (filme de animação em série) a partir de março de 2021 e, em julho de 2021, para live-action no Japão. O protagonista é um jovem de 26 anos, Takemichi Hanagata e os eventos envolvem confrontos entre gangues e situações de retorno a tempos passados. O objeto da pesquisa compreende os 24 episódios do anime, que tem menos de 25min cada. O símbolo da gangue principal, o manji, a suástica budista de tradição milenar, é associada aos templos budistas no Japão. “A palavra ‘suástica’ provém do sânscrito svastica, que significa ‘boa sorte’ ou ‘bem-estar'” (BALAGUER, 2020). A sua apropriação por Adolf Hitler em 1920 associou-a de forma definitiva ao antissemitismo e à extrema direita no mundo Ocidental. Por essa razão, fora da Ásia, o símbolo presente no anime foi vetado. No Oriente, o uso da suástica guarda a sua significação milenar de talismã de boa sorte. Sendo de origem nipônica, o autor da obra estabelece essa relação positiva à gangue protagonista, que é tomada por circunstâncias que a levam à violência. O drama do personagem, apresentado como um desempregado fracassado, é defender valores positivos de amizade e perseverança no seio dessa gangue. A gangue protagonista é retratada como “do bem”, devidamente entre aspas, enquanto outras são “do mal”. Tokyo Revengers toca em questões existenciais que têm ressonância universal, ao mesmo tempo em que se dá em um contexto cultural bastante particular do Japão. A presente pesquisa busca compreender a imagem paradoxal da condição de uma gangue “do bem” no seio da cultura japonesa, assim como a sua repercussão na cultura brasileira. Analisar a questão da gangue na sociedade japonesa; entender o nacionalismo japonês e seu contexto histórico; desenhar uma prancha com um evento significativo pertinente à narrativa Os 24 episódios somam cerca de 10h de audiovisual que já foram devidamente assistidos. Com o referencial teórico, são realizados os estudos imagéticos. Evidenciam-se inúmeros contrastes, como o uso da suástica, inclusive na tradição oriental, para simbolizar uma gangue; os valores humanos contrastam com as gangues reais japonesas; a hierarquia é uma característica, a exemplo do que ocorre em organizações criminosas brasileiras. Conclusão em formulação, mas é possível observar a distinção entre a delinquência e a inserção de valores via protagonista na gangue principal.

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