Câncer de mama: “O diagnóstico precoce é imprescindível!”

 

Conforme o médico, estudos demonstram que tumores em estádio 1 apresentam 95% de chances de cura (Foto: Cedida)

 

MARCO VINICIUS ROPELLI

O médico mastologista Rafael da Silva Sá conversou com a reportagem do Terceiro Setor para esclarecer dúvidas e dar orientações às mulheres quanto às técnicas de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama.

Terceiro Setor: Qual a importância de se constatar o câncer de mama em seu estágio inicial?

Rafael Sá: O diagnóstico precoce é fundamental para a cura e o bom prognóstico. Tumores menores que dois centímetros e axila negativa fazem parte do Estádio I e elevam a chance de cura para 95%. Inúmeros estudos científicos corroboram a importância do diagnóstico e tratamento da doença em uma fase inicial.

TS: De que forma esse diagnóstico precoce pode ocorrer?

Sá: Pode ocorrer através do autoexame, exame físico das mamas pelo médico ou através dos exames de imagem. A mamografia é o exame de escolha para o rastreamento de mulheres maiores de 40 anos assintomáticas. Deve ser realizado anualmente. Mulheres abaixo dessa idade devem realizar se tiverem achados alterados durante o exame físico realizado pelo médico, sendo chamada de mamografia diagnóstica.  Dados de uma importante pesquisa sueca do Professor Tabár revelam redução da mortalidade em 41% na população que realiza o rastreio monográfico corretamente.

TS: Qual a importância do autoexame e como as mulheres devem fazê-lo para que se obtenha o resultado correto?

Sá: Tem a importância do autoconhecimento, gera cuidados com a mama feminina e possibilita a procura ao atendimento médico quando surge alguma alteração palpável. Deve ser realizado mensalmente durante o banho, preferencialmente durante o período menstrual, para pacientes que ainda menstruam, pois as mamas ficam menos edemaciadas. Deve-se palpar todas regiões mamárias, inclusive atrás das aréolas e axilas.

TS: Questões relacionadas a estilo de vida e genética podem influir no desenvolvimento da doença?

Sá: A neoplasia maligna da mama é uma doença multifatorial. Entre os fatores de risco temos cigarro, álcool, sedentarismo, alimentos gordurosos, estresse. 90% dos casos são esporádicos (sem relação hereditária). Os casos hereditários acometem mulheres mais jovens (abaixo dos 50 anos), podem possuir outros parentes com câncer de mama ou ovário, histórico de familiar de câncer bilateral ou câncer de mama em homens.

TS: De que forma, o Outubro Rosa contribui na divulgação da importância de prevenção da doença?

Sá: Várias doenças tem o seu mês de prevenção, mas o Outubro Rosa é o pioneiro, o mais lembrado e que fomenta tantas campanhas regionais com muito carinho envolvido. Em medicina, a prevenção secundária é o diagnóstico precoce. Ele é capaz de aumentar as chances de cura, possibilitar tratamento menos agressivos e também reduz o custo da terapia, impactando positivamente na saúde pública, ou seja, menos gastos serão realizados com o diagnóstico inicial.

TS: Qual mensagem o senhor deixa às mulheres e às pacientes neste mês de conscientização?

Sá: O câncer de mama tem altas taxas de cura! Depende do estadiamento, sendo o inicial o com maiores taxas e o avançado (Estádio IV) com as piores taxas. O câncer de mama é uma doença complexa. Nenhuma mulher tem doença igual a outra. Temos vários tipos histológicos, vários subtipos imunohistoquimicos e muita diferença entre a biologia tumoral de cada paciente. Mas uma coisa é certa: o diagnóstico precoce é imprescindível!

Infelizmente, ainda atendemos muitos casos de doença avançada, fazendo muitas vezes que a paciente se arrependa de não ter procurado antes o atendimento médico para diagnóstico e tratamento. Então fica a dica: Quanto antes melhor! Se você tem mais de 40 anos ou conhece alguém nessa faixa etária que não realiza o rastreamento mamográfico, divulgue essa informação, você pode ajudar muito com a disseminação do conhecimento da patologia mamária.

 

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