Os cinco sentidos do ser humano influenciam nas profissões
Conheça profissões que dependem dos sentidos e como é viver sem um deles no mercado de trabalho
Por: Ana Paula Cunha, Caroline Mendes, Natália Fabian, Natália Portela, Nataly Mendes e Nayara Katiane
“Os cinco sentidos são a janela da alma, a forma que se tem para interagir com o mundo”. Está foi a primeira definição que o neurologista Sidney Dorigon deu ao ser questionado sobre a importância dos sentidos.
A visão é a forma de enxergar as coisas, os objetos e as pessoas. É através dela que se identificam formas, cores e tamanhos. A audição é o que permite ouvir diferentes sons. Segundo especialista, vibrações se criam no ar e através do ouvido é levado até o cérebro como impulso nervoso, onde enfim é interpretado como som. O paladar é por onde se sente o sabor dos alimentos. É por ele que se diferencia amargo do azedo, doce do salgado. Tato é o sentido da sensação e da percepção. Ele permite perceber formas, texturas e pesos, sentir calor ou frio. E por último o olfato. É com ele que se conhece o mundo através dos cheiros e aromas.
Existem aquelas pessoas que são capazes de desenvolver e aperfeiçoar alguns de seus sentidos. A partir dessas habilidades é que se cria afinidades sobre determinadas áreas. E então surge a pergunta: Como os sentidos podem ajudar ou interferir na hora da escolha profissional?
Neste universo dos sentidos, existem aqueles profissionais que dependem inteiramente dos seus. Como é o caso de Taiane Helena Arrigoni Miele. Quando pequena, enquanto cantava em frente ao espelho, pensava “é isso que eu quero, vou trabalhar com música. E desde então estuda sobre a área que escolheu. A cada dia se aperfeiçoa no que faz. “É essencial para o profissional da música que ele nunca pare de estudar, só assim fará um trabalho de qualidade”.
A jovem conta que tem um cuidado especial com a garganta e ouvidos. Para ela, ouvir músicas, ruídos ou sons muito altos, pode prejudicar a audição e por isso, deve-se ter cuidado. “Se um cantor ou músico ouve mal, sua execução pode ser prejudicada e perder a qualidade”, completa a jovem musicista.
Para o neurologista, muito cuidado deve ser tomado em relação ao sentido da audição. Há vários pontos onde ele pode ser lesado. Principalmente quando crianças, onde a capacidade auditiva é maior. Quando expostos a muito barulho, não conseguem separar os sons e saber sobre o que se trata cada um deles. Essa capacidade de separação só começa a acontecer com o passar do tempo, quando a audição se desenvolve e o ouvido começa a se adaptar e conhecer os sons.
A falta de estímulo aos sentidos pode ser também um dos fatores que acabam acarretando na perda deles. Pois a medida em que o sentido não é estimulado, a produção de neurotransmissores diminui e afeta o sistema nervoso. E o que poderia ser a chance de aumentar a capacidade de outro sentido, se transforma em novos problemas.
“Nem sempre a perda de um dos sentidos pode acabar por desenvolver melhoria aos demais, tudo vai de cada um. Por exemplo, alguns velhinhos, ao perderam a capacidade auditiva, ficam tristes e cabisbaixos, chegando a acarretar outros problemas. Já uma pessoa que trabalha e precisa da audição vai em busca de desenvolvê-la”, completa o médico.
Entrando no universo de outro sentido, a história é da gastrônoma Fernanda Neves, de 25 anos. Ela conta que a escolha de entrar no mundo da culinária foi feita desde cedo, e hoje está na área há cinco anos. Através de estudos e conhecimento pôde desenvolver ainda mais seu paladar, conhecendo novos temperos, ervas e ingredientes.
Para sua profissão o paladar é primordial, já que algumas de suas funções são provar pratos, conhecer gostos e cheiros. “Nessa profissão sentir o gosto das coisas é essencial, porque sempre temos provar o que vamos servir. E quando eu fico resfriada é um grande problema, porque todo o meu paladar fica comprometido”, comenta Fernanda.
Para o especialista, deve-se tomar cuidado com o paladar, pois muitas vezes os alimentos que são consumidos são modificados para alterar o seu real gosto. Isso acontece principalmente em alimentos industrializados ou quando são adicionados grandes quantidades de sal ou açúcar neles.
“Experimente tomar um suco sem açúcar e outro com, com certeza você vai preferir o que está mais doce, mas isso também é questão de costume. Se você começar a tomar suco sem açúcar, com o passar do tempo o gosto não fica ruim. Você passa a sentir o verdadeiro gosto do suco e se acostuma com ele”.
Andando ao lado do paladar, está o olfato e para o neurologista são poucas as pessoas que realmente sentem cheiros. Hoje em dia a população não está mais acostumada a estimular o olfato, o que faz com que acabe sentindo apenas cheiros que são fortes ou desagradáveis. A falta de estímulo pode ser um dos causadores, mas problemas de saúde como rinite ou sinusite podem acabar afetando o olfato também.
Para o médico, o olfato é um dos sentidos humanos mais atrofiados, mas afirma que de maneira simples pode-se estimular este sentido. “O simples fato de sentir cheiros por si só já ajuda. Pessoas que não sentem cheiro, por causa de algum trauma devem trabalhar o estímulo do olfato. E esse estímulo pode ser feito expondo o indivíduo a cheiros fortes como de café e de perfumes”.
“A sensibilidade olfativa se obtêm na prática, muita prática”, esta foi a resposta da fisiologista Regina Milani. O trabalho de Regina é retirar a essência de materiais naturais. Sentir e identificar os cheiros é a sua profissão. Mas para ela vai muito além disso. Segundo a fisiologista, desde criança sempre amou cheiros e seu primeiro contato com essências foi na infância, ao fazer sabonetes caseiros com aromas retirados com a folha de eucalipto. Ela conta que não gostava do cheiro do sabonete que tinha em sua casa, por isso começou a produzir sabonetes de forma artesanal.
Mais tarde ainda passou a produzir bonecas perfumadas, diz que sempre enfeitava a cabeça com flores e usava as pétalas entre os cadernos para sentir o cheiro. “Amo cheiros, sempre amei. Flores, frutas, capins, terra, sempre foi assim. Cheiro a água, o refrigerante, o vinho, o travesseiro, a roupa, o marido. Sou um ser químico e em função disso os aromas reagem comigo e eu com eles”, comentou Regina sobre sua paixão pelo que faz.
Aos 17 anos Mário Minoru Muramatsu começou na profissão de relojoeiro, a visão foi utilizada por ele até mesmo para conhecer o trabalho. Ele conta que para aprender, entrava em lojas e fica observando, olhando e aprendendo sobre este serviço. O primeiro relógio que ele consertou foi um despertador antigo de corda.
A visão neste tipo de trabalho, segundo ele, é essencial e importantíssimo. Mesmo não enxergando tão bem aos 64 anos não largou a profissão e se adaptou. “Eu utilizo uma espécie de lupa para enxergar melhor.” Para Mário, a visão é trabalhada para ver os pequenos detalhes, principalmente os relógios de pulso que são os mais complicados. Foi com o passar do tempo que ele adquiriu experiência para encontrar os defeitos e as pequenas peças.
Não menos importante que os outros sentidos, o tato há 50 anos faz parte da rotina de trabalho do Paulo Zanelatto, hoje proprietário de uma olaria. Aprendeu essa profissão ainda criança, mas já não produz mais as peças em sua empresa. Ele conta com a ajuda de 16 funcionários que produzem vasos, cestas e moringas. Ter jeito e paciência é um dos principais requisitos para esta profissão. Pois são as mãos dos oleiros que fazem a matéria prima ganhar forma.
Embora o tato não seja perceptível apenas nas mãos, a sensibilidade maior está nelas, confirma o neurologista. “Se duas agulhas forem colocadas nas suas costas bem juntinhas e ao mesmo tempo, você sentirá apenas uma e não perceberá a presença da outra. Já se duas agulhas forem colocadas ao mesmo tempo, uma junto da outra na ponta dos seus dedos, você sentirá o incômodo das duas. Mesmo sem vê-las.”
Este é um exemplo simples, mas que mostra que algumas partes podem sofrer mais interferência de neurotransmissores, que mandam respostas mais rápidas ao cérebro. O médico ainda completa que a capacidade de percepção está em todos os dedos, principalmente no indicador. Mas que com aprimoramento, as novas gerações conseguiram adquirir mais percepções em outros.
Como preservar a audição
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![A professora de música Taiane Miele, durante aquecimento vocal antes de iniciar aula de canto. Para ela os cuidados com a voz são primordiais e sempre orienta os alunos para que façam o mesmo. Créditos Caroline Mendes](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/1-11-768x490.png)
![“Perder a audição deve ser muito triste, na mesma proporção que perder a voz também é. Por isso que os cuidados são essenciais” Declara a musicista. Créditos Caroline Mendes](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/2-9-768x490.png)
![Desde pequena Taiane diz que o sonho dela era trabalhar com música, e desde então procura se aperfeiçoar e aumentar seu conhecimento no ramo da música. Créditos Caroline Mendes](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/3-9-768x490.png)
![Para que o sentido seja cuidado como se deve o neurologista Sidney Dorigon alerta que ficar expostos a lugares fechados e com sons muito altos podem acabar diminuindo a audição e até ao ponto de perdê-la. Créditos Caroline Mendes](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/4-10-768x490.png)
![Para Taiane todo profissional da música deve se manter atualizado e nunca parar de estudar, já que só dessa forma ele conseguira fazer um trabalho de qualidade. Créditos Caroline Mendes](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/5-11-768x490.png)
![A fisiologista Regina Milani diz que adora qualquer tipo de ser vivo e que se devem ser tratados com respeito. Tudo o que está a sua volta serve para alguma coisa. Créditos Nayara Katiane](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/6-10-768x490.png)
![É tudo muito delicado. As mãos devem ser leves para que não machuquem as mudinhas. Assim nada impedirá o crescimento e desenvolvimento delas. Créditos Nayara Katiane](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/7-9-768x490.png)
![O processo de plantação dura em média 35 dias. Com apenas uma semana, o que eram 30 sementinhas, já começam a ganhar tamanho e cor. Créditos Nayara Katiane](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/8-7-768x490.png)
![O amor pelas essências surgiu desde a infância, quando se enfeitava com flores ou as usava para colocar entre os cadernos. Regina queria sempre estar perto do aroma que elas exalavam. Créditos Nayara Katiane](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/9-7-768x490.png)
![Ter o sentido olfativo bem apurado faz com que ela queira ter aromas agradáveis por perto, até mesmo na hora de dormir. Ela conta que tem mania por amaciantes. Créditos Nayara Katiane](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/10-8-768x490.png)
![Fernanda Neves tem 25 anos e trabalha com gastronomia há 5. Créditos Natália Fabian](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/11-6-768x490.png)
![O gosto pela profissão começou na infância. Na adolescência já auxiliava sua mãe que também trabalha na área. Créditos Natália Fabian](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/12-6-768x490.png)
![Hoje em dia, Fernanda divide seu tempo em ensinar e produzir. Ela também é professora em um curso de gastronomia. Créditos Natália Fabian](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/13-5-768x490.png)
![Sua especialidade são os finger food, que são aperitivos em porções pequenas que podem ser consumidas sem talheres ou pratos. Créditos Natália Fabian](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/14-6-768x490.png)
![Para Fernanda, quando alguma coisa prejudica o seu paladar é muito ruim, pois nesta profissão sentir o gosto dos ingredientes é muito importante para a execução de um bom prato. Créditos Natália Fabian](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/15-6-768x490.png)
![Pai e filho, Alcides Marcelino, 73, e Flávio Alberto Marcelino, 45, trabalham na modelagem de vasos à base de argila em Indiana (SP). Após esse processo, o produto seca por 15 dias e depois passa pela etapa de finalização no forno por 36 horas. Créditos Natália Serra](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/16-5-768x490.png)
![Rubens Buzinari, 63, trabalha também em Indiana (SP). Após modeladas e secas elas se tornam ásperas e com pequenos caroços que, com técnica e experiência, são retirados e ganham uma textura mais lisa e agradável ao tato. Créditos Natália Serra](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/17-5-768x490.png)
![Moringas feitas com argila, em processo de secagem, em uma cerâmica de Indiana (SP). A peça, modelada à mão, demora aproximadamente 20 dias para ficar pronta e é uma das mais caras do local: R$ 14,00. Créditos Natália Serra](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/18-1-768x490.png)
![Vaso grande feito de argila em processo de secagem. Foi desenhado à mão por oleiros de uma cerâmica em Indiana (SP). No local, são feitas peças de vários tamanhos e preços. O produto mais caro, um filtro de água, custa R$ 65,00. Créditos Natália Serra](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/19-1-768x490.png)
![Vasos de argila totalmente prontos após um processo de 20 dias feitos manualmente em uma cerâmica de Indiana (SP). Dentro foi utilizado “betume”, derivado do petróleo que serve para não passar umidade. Créditos Natália Serra](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/20-2-768x490.png)
![Mario Minoru tomou gosto pela profissão de relojoeiro, quando seu irmão mais velho começou a desenvolver este trabalho. Eles têm uma loja no centro de Presidente Prudente. A observação foi essencial para o sucesso na carreira. Créditos Ana Paula da Cunha](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/21-1-768x490.png)
![Ele nunca fez curso relacionado a relojoaria. Para entrar no segmento, ele apenas olhava o que os profissionais faziam e colocava em prática tudo o que tinha descoberto sobre o mundo dos relógios no dia. Créditos Ana Paula da Cunha](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/22-1-768x490.png)
![Prestar atenção nos pequenos detalhes é o que faz a diferença nesta profissão. Neste ramo há 47 anos, não pensa em parar. Créditos Ana Paula da Cunha](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/23-1-768x490.png)
![Aos 64 anos, ele usa uma lente de aumento com o estilo de uma lupa, que o faz enxergar melhor, pois a visão, de acordo com ele, não é mais quando ele começou em que não necessitava deste tipo de instrumento. Créditos Ana Paula da Cunha](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/24-768x490.png)
![Mario conta que mesmo tendo que “dar uma forçadinha” na vista, a visão neste tipo de trabalhando é de extrema importância por isso não deixa de melhorá-la. Créditos Ana Paula da Cunha](http://sites.unoeste.br/prisma/wp-content/uploads/25-1-768x490.png)