TERCEIROS

 Alysson Fortaleza, Fernanda Claro, João Pedro Bucchi, João Pedro Roque e Vinícius Garcia

GRAFITANDO O FUTURO

Talvez uma única pessoa não consiga mudar o mundo. Seria, inclusive, muito mesquinho do ser humano pensar que cada um deveria cuidar apenas dos seus próprios problemas em uma sociedade formada por indivíduos com as mais variadas dificuldades, nas quais necessitam da ajuda do próximo para ultrapassar as barreiras da vida.

Por isso, é importante a existência de pessoas que se desprendam da sua realidade e se proponham a fazer diferença e ajudar o próximo, mesmo que ela também sofra limitações. Um desses sujeitos é o artista e professor Itamar Xavier.

Ajudar o próximo é uma atitude comum na vida de Itamar há aproximadamente 10 anos. Por meio da arte, o professor procura influenciar e transformar de forma positiva a vida de seus alunos, que buscam alguém para mostrar qual o caminho seguir, sendo eles pessoas das mais variadas idades.

O lado mais solitário de Itamar despertou logo nos seus primeiros anos de vida, porém passou a se tornar mais intenso durante a sua adolescência, enquanto cumpria medidas socioeducativas.

“Eu tive aulas de pintura em tela na antiga FEBEM, que hoje é a atual Fundação CASA, e ali comecei a conhecer algumas técnicas. A arte começou a fazer mais sentido para mim”, comenta. 

Itamar em aula junto com seus pequenos alunos (Foto: Allysson Fortaleza)

Itamar se mudou para Presidente Prudente em 2006, após cumprir seis anos de prisão por assalto à mão armada, quando se afastou das drogas e da criminalidade. Neste momento, ele começou a focar mais no lado educador que havia dentro de si, dando continuidade a sua vida e tendo a chance de recomeçar toda a sua trajetória, a partir de novas escolhas.

“Em Presidente Prudente eu comecei a trabalhar, a estudar, passei num concurso, me tornei professor e, dentro de uma sala de aula, eu tive a possibilidade de praticar a minha arte e até ganhar dinheiro com isso. Foi quando começou a arte realmente fazer parte do meu dia a dia”, explica. 

Além das oficinas, Itamar utiliza de sua experiência e vivência pessoal para tentar conscientizar aqueles que passam por sua vida, principalmente os mais jovens. “Por exemplo, em algum momento os alunos estão se orgulhando de falar de drogas e aí eu compartilho a minha vivência com essa situação. Falo como isso prejudicou a minha carreira, a minha vida e, dessa forma, eu acredito que eles aprendem com os meus erros”, afirma.

Como o ensinamento é uma via de mão dupla, sempre existirá algo valioso para ser ensinado ou compartilhado. Da mesma maneira isso acontece com o Itamar, pois ele passa adiante os seus conhecimentos e também aprende com os alunos, porque há uma troca de experiências, até mesmo nas coisas mais simples.   

“A gente sabe que o professor às vezes tem mais influência na vida do aluno, da criança, do que a própria família, então é uma responsabilidade maior e isso faz com que eu me cobre ainda mais. Por exemplo, a questão de falar palavrão. Era uma coisa que eu vivia cobrando dentro da sala de aula, mas eu agia com hipocrisia, porque no dia a dia eu estava ali falando palavrão o tempo inteiro. Essa cobrança pessoal, por saber que eu sou referência, me fez pensar e ultimamente eu não falo mais”, relata.

Ele ressalta a importância que foi ter pessoas em seu caminho que o ajudassem a passar por aquela fase turbulenta enquanto estava preso. Hoje está sendo um apoio aos seus alunos, proporcionando uma nova perspectiva sobre o mundo, com novos caminhos, oportunidades e conhecimentos.

“Eu percebo que não existe outra forma de você conseguir recuperar alguém se não existir uma estrutura por trás ali, faz parte do processo. Ter alguém para ajudar até mesmo financeiramente. Geralmente o cara que sai da prisão hoje não tem uma profissão, não tem formação, uma escolaridade legal, família. A dificuldade vem disso”, comenta. 

Itamar conta que durante os 10 anos dedicado a ajudar o próximo teve alunos que passaram por ele e o marcaram bastante, cada um trazendo uma história diferente, de uma dura realidade muitas vezes. No fim, o professor acredita na possibilidade da arte poder transformar sonhos em realidade, como por exemplo um de seus alunos que é lembrado com carinho por Itamar, seu ex-estagiário da Fundação INOVA, João Célio.

Hoje ele é um artista reconhecido na cidade e em outras regiões. Quando eu o conheci, ele apresentava estar indo para um caminho que a gente via que não ia dar certo lá na frente, com relação ao envolvimento com as drogas e com o álcool. A partir da vivência dele comigo e da minha persistência com ele, o pensamento dele foi mudando e ele foi encontrando um novo caminho para viver”, conta Itamar.  

João Célio grafita uma de suas artes (Foto: Cedida/João Célio)

“Eu conheci o Itamar após a entrevista dele no ‘Caldeirão do Huck’ e eu fui procurar quem ele era porque eu também pintava naquele período e gostaria de me aproximar de outros artistas. A partir daí a gente começou a fazer uns trabalhos juntos”, relembra João. 

No decorrer dos anos, a relação dos dois acabou se estendendo do campo profissional para o pessoal, um motivo de orgulho para João. Ele é extremamente grato ao seu mentor pelos conselhos e por todos os aprendizados, não só sobre o grafite, mas também sobre as “correrias” da vida, que o fizeram amadurecer.

“Eu aprendi muita coisa. Nós dois evoluímos em muitas coisas juntos, principalmente tecnicamente, mas acredito que o que mais ele me deu, o que mais ele me passou, o que ele mais me influenciou, foi na questão do pensamento”, destaca. 

Também é necessário compreender a importância de figuras inspiradoras, que possam servir de referência para aqueles que estão sem qualquer esperança, fazendo com que ainda acreditem em si e que seja possível alcançar uma vida melhor. 

“A história do Itamar é muito importante, influencia qualquer um que está ali em volta, nos faz repensar, sermos melhores, e isso aconteceu muito comigo, hoje eu tenho uma vida, um pensamento muito diferente de outras pessoas da minha idade. Eu tenho 22 anos e creio que por estar próximo de pessoas como o Itamar eu me tornei uma pessoa mais experiente, mais preparada”, finaliza João.

Servos da Misericórdia: Uma luta contra a fome

O “Servos da Misericórdia” é uma ação realizada pela Paróquia Nossa Senhora do Carmo há aproximadamente 20 anos e que nasceu sob a tutela do Padre Antônio Sérgio Girotti, popularmente conhecido como Padre Tuti. Todas as sextas-feiras às 19h, um grupo de voluntários sai da igreja para conversar, rezar e realizar doações para quem está ou vive em situação de rua. Semanalmente são produzidas em torno de 115 marmitas e 20 litros de suco que são distribuídos em três ou quatro pontos de Presidente Prudente. Em dias de frio, agasalhos e cobertores também são entregues.

Os números de doações de órgãos e medula óssea

Para uma pessoa proporcionar uma mudança na vida de outra, muitas vezes, não é preciso estar em contato direto e tampouco no mesmo ambiente. A doação de sangue ou de órgãos, por exemplo, é capaz de salvar muitas vidas. Com esses atos, pessoas podem ter um novo recomeço e mesmo uma nova vida.

Confira os dados de doações pelo Brasil.

Fonte: Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde

Salvar vidas em uma ação

A doação de sangue é um gesto solidário em que uma pequena quantidade do próprio sangue pode salvar diversas vidas. Conscientes do que esse simples ato pode fazer, Ana Clara Fuzano e João Gabriel Mantovani  contam suas experiências e como se tornaram doadores de sangue.   

Doar órgãos também é uma ação transformadora, na qual um único doador pode salvar cerca de 10 pessoas. Carolina Barros é uma dessas vidas que foi transformada por esse ato de generosidade. Aqui ela conta sobre sua trajetória do tratamento até o transplante.

Conheça essas histórias e ouça seus relatos narrados de forma mais detalhadas pelos áudios.

Ana Clara Fuzaro (24 anos)

A história de Ana como doadora começou pela urgência do momento. Quando estava em seu primeiro ano na Medicina, um parente de uma amiga muito próxima estava internado precisando de sangue e ela se reuniu em uma caravana com outras pessoas para ir realizar essa doação. Para ela, foi muito gratificante pela sensação de estar ajudando a salvar a vida de alguém

João Gabriel Mantovani (21 anos)

Morador de Martinópolis e ele se tornou um doador de sangue em outubro de 2021 por influência de seu pai, que é um doador há muitos anos e o convidou a se tornar um junto com o seu irmão. Além do incentivo paterno, João sabe o quão importante é a doação, pois viu de perto parentes passando dificuldades por não ter um doador. Tudo acabou motivando o jovem a entrar nesse mundo.

Carolina Lucas Lima Barros (35 anos)

A trajetória de Carol é igual a de milhões de pessoas que já passaram pela fila de transplante de órgãos. No seu caso, mais de uma vez. Quando tinha apenas 19 anos foi diagnosticada com uma nefropatia que comprometeu o funcionamento dos seus rins e fez com que ela precisasse de uma doação, que acabou vindo de seu próprio pai. Aos 21, o órgão foi rejeitado por seu organismo e Carolina precisou passar mais 12 anos em diálise. Em 2022, ela recebeu um novo rim de um desconhecido.

O poder do esporte em transfomar vidas

O esporte é capaz de impactar muitas vidas, a prova disso é Ivancir Pereira do Nascimento, o Pepe, que é professor de natação e através dos seus anos de experiência foi um importante elemento de transformação nas trajetórias de muitos atletas.

 

O Pepe, é natural de Pernambuco e ganhou seu apelido por conta do desenho “Pepe Legal”, ele é formado em Educação Física pela Univesidade Estadual Paulista (Unesp), de Presidente Prudente, e possui especialização em atividades aquáticas pela Universidade do Norte do Paraná (Unopar), de Londrina.

Se mudou para Presidente Prudente em 1990 e já em 1994 começou a dar seus primeiros passos nas escolinhas da Secretaria de Esportes de Presidente Prudente (Semepp). Nessa função, revelou vários atletas, como Igor Nishi, Yossef Mazetti Caldeira Cordeiro e Leonardo Matiazi Grana.

Seu pupilo mais recente é Bruno Hosokawa, de 17 anos, medalha de prata e bronze no Campeonato Brasileiro Infantil 1 e 2, que foi disputado em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 2019.

Assista ao vídeo sobre o importante papel que Pepe possui na vida de seus alunos, descubra a história de Bruno com a natação e a visão que ele tem sobre seu treinador.

Voe pelas metamorfoses da Prisma

MUDANÇA DE VIDA

Já imaginou sua vida de ponta cabeça? Mudar de emprego, ser mãe, lutar contra um vício e até mudar a personalidade são transformações drásticas de vida. Será que essa borboleta voa no final?

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Todos possuem características únicas e especiais. O primeiro passo para começar a sua metamorfose é a aceitação. Pode parecer um processo difícil, mas, com apoio e dedicação, pode ser divertido.

MODA

O que importa não é seguir a “moda do momento”, é sentir-se feliz com quem é hoje e do poder que há na transformação por meio de uma simples atitude amanhã ao escolher o que vestir naquele dia.

SEXUALIDADE

Mutável e singular para cada indivíduo em diferentes fases da vida. Conheça histórias de pessoas até o conhecimento, a conquista de poder ser quem é e pelo direito de se expressar sem medo.

FICHA TÉCNICA

Repórteres: Alysson Fortaleza, Fernanda Claro, João Pedro Bucchi, João Pedro Roque e Vinícius Garcia

Infográfico: Alysson Fortaleza

Fotografia: Alysson Fortaleza e João Pedro Bucchi

Áudio: Adriano Batista e João Pedro Bucchi

Cinegrafia: João Pedro Bucchi, João Pedro Roque e Vinícius Garcia

Edição de textos: Fernanda Claro, João Pedro Bucchi e Vinícus Garcia

Edição de vídeo: João Pedro Roque

Layout: Fernanda Claro e Vinícius Garcia

Supervisão de áudio: Homéro Ferreira

Supervisão de dados: Maria Luisa Hoffmann

Supervisão de redes sociais: Roberto Mancuzo

Supervisão de texto e fotografia: Fabiana Aline Alves

Supervisão de vídeo: Thaisa Bacco

Edição final e supervisão: Fabiana Aline Alves