SEXUALIDADE

Abner de Souza, Maria Eduarda Vasconcelos, Rodrigo Gonçalves e Sabrina Vansella

O DESPERTAR EM DIFERENTES MOMENTOS DA VIDA

Existem muitos aspectos durante a vida que mudam conforme o ser humano amadurece. A voz, a aparência física e até mesmo questões mais íntimas, como é o caso da sexualidade. Mas você sabe o que esse termo significa?

Para a psicóloga Elaine Gomes, a sexualidade não pode ser definida em poucas palavras, pois se trata de algo muito complexo. “Ela não é ‘quadradinha’ como a gente pensa, ela é ampla. Por isso, a gente pode até ter algumas surpresas no decorrer da vida.”

A sexualidade, para a profissional, se caracteriza como um conjunto que abrange a orientação sexual, o sexo e o gênero. “A orientação sexual é a questão da preferência, com quem a pessoa deseja se relacionar sexualmente”, pontua Elaine. Já o sexo se refere à questão biológica, no caso ao órgão reprodutor. Por fim, ela define o gênero como “a identidade sexual”. Segundo a psicóloga, o gênero é relacionado também com o social, com o papel no mundo, as atividades e características que cada um se identifica.

Elaine também explica que a formação da sexualidade acontece desde a infância, entretanto, não é madura. “Falamos que as crianças são mais erógenas. Nesse momento, ainda não é uma sexualidade formada. Isso só vai ocorrer na adolescência, quando é despertado o desejo pelo corpo do outro”, explica. A psicóloga destaca que adolescência é marcada por isso: as mudanças do corpo, nos hormônios e na própria visão de si mesmo.

O que Elaine explica é a realidade de milhares de jovens que estão no período de puberdade, como é o caso dos adolescentes Victor Hugo Gomes, de 14 anos; Maria Luiza Marocchio, de 16; e Edson Valin Neto, de 16. É importante destacar que a puberdade entre alguns jovens pode ser menos complexa do que para outros.

Para Edson, o período não tem sido tão complexo como ele mesmo pontua. “Não houve dificuldade no processo de reconhecimento e aceitação da minha heterossexualidade. Foi uma decisão natural minha, nunca me questionei ao contrário”, explica o jovem. Edson também diz que seus pais sempre conversavam tranquilamente sobre qualquer dúvida que surgia acerca do tema sexualidade e, quando começou o seu primeiro relacionamento, não houve barreiras para aceitar.

Entretanto, o mesmo não ocorre com Victor e Maria Luiza. Victor conta que começou a se questionar sobre sua orientação ainda aos oito anos de idade. “Comecei a gostar de um menino da minha sala e comecei a me perguntar ‘o que tá acontecendo comigo? O que é isso? O que eu estou sentindo? Eu não gosto de menina? Mas depois de um tempo eu comecei a entender.”

"Meu principal desafio durante a puberdade foi a timidez, porém tive outros como o surgimento de espinhas, aumento e perda de peso e mudança na voz”, destaca Edson (Foto: Rodrigo Gonçalves)

Enquanto isso, Maria Luiza começou a se descobrir aos 10 anos de idade, mas foi só dois anos depois que bateu a mão no peito e enfrentou todos os medos para ser ela mesma. “Eu comecei a sentir atração por meninas e não sentia nada por meninos. No começo, para mim, foi um pouco estranho, pois tinha medo de ser só uma fase e acabar me enganando”. 

Victor, além de homossexual, aprecia a arte drag. “No ano passado, em uma festa com alguns familiares, eu me vesti, me montei e fui no evento. A família levou numa boa, sempre rola um olhar ou outro de julgamento, mas foi isso” (Foto: Sabrina Vansella)
“Foi uma loucura total quando eu me assumi”, conta Malu ao relembrar sua história (Foto: Maria Eduarda Vasconcelos)

“Na adolescência, começam os processos de conhecimento e experimentação da vida. Porém, esse momento de experimentos não é a definição exata do que você é”, pontua Elaine. A psicóloga conta que o período é importante para o autoconhecimento, porém não significa que as escolhas são imutáveis. “O que acontece é que as pessoas podem mudar sim. Às vezes foi reprimido um desejo e a própria pessoa não quis ouvir e sentir. Depois disso, ela expressa isso na vida adulta, devido a alguma mudança ou sensação de mais liberdade”, explica.

Elaine também cita que muitas pessoas “saem do armário” depois dos 40 por questões pessoais e acabam se sentindo mais livres por já serem mais velhas e não ter a obrigação de dar satisfações para os pais, por exemplo. “Depois de uma certa idade a gente não quer mais viver para as pessoas verem, mas sim viver para nós mesmos”, avalia.

 

vidas que se tornam números

Ainda existem pessoas que ainda não são respeitadas por não assumirem uma sexualidade heteronormativa. O Brasil, em seu quarto ano consecutivo, é o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Os números se tornam ainda mais alarmantes quando apresentados em escala regional, só em 2021 houveram 362 mortes.

Ao analisar os dados apresentados, é possível notar as faixas-etárias mais prejudicadas pelo preconceito no país. Pessoas entre 20 a 29 anos são as maiores vítimas, enquanto poderiam estar focando em estudos e trabalho são brutalmente mortas pelo simples fato de existirem. 

Entre as vítimas, as mais afetadas são travestis e transexuais. De acordo com o levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra) e pelo Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), a expectativa de vida desse grupo é de 35 anos, o que evidencia a alta vulnerabilidade a mortes violentas e prematuras, já que a média nacional é de 74,9 anos.

(TRANS) FORMAR: A VONTADE DE SER QUEM É

Ser travesti é resistência: de existir, comunicar, expressar e identificar. Por outro lado, tamanha resistência está alinhada à liberdade de ser quem realmente é, inclusive na própria sexualidade. 

Por conta disso, a vida de Guilhermina Batista, assim como a de muitas outras pessoas, é uma eterna busca pela expressão. Para uma melhor experiência, clique no play e escute a música Rebel Rebel de David Bowie (essa escolha não foi por acaso e contempla ainda mais a narrativa do foto ensaio!).

A música Rebel Rebel foi lançada em 1974 e retrata o que hoje viria ser o segmento Queer e travesti. Na tradução, há o seguinte trecho: “você deixou sua mãe confusa, pois ela não sabe se você é um menino ou uma menina“.

SE RESPEITE PARA SER RESPEITADO

O processo de aceitação da orientação sexual envolve algumas etapas e reflexões que são necessárias e algumas vezes dolorosas. Silvano Bertoldi, aos 53 anos, conta um pouco da sua história e como o autorrespeito foi importante para sua vida durante esse período.

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consciêNCIA TRANQUILA E MEDOS ENFRENTADOS

A história de Cristina Nunes poderia ser apenas de mais uma pessoa que passou a se identificar como homossexual aos 27 anos. Hoje, com 55 anos, ela conta que é mesmo. Porém, algumas entrelinhas rodeiam a vida de uma mulher forte que decidiu terminar um casamento heterossexual de nove anos na década de 1990. Filha de militar, sempre respeitou os pais e a própria existência. Por isso, tomou a decisão de reencontrar o amor, mas agora com uma mulher. 

Ouça o bate-papo e descubra o ponto de vista da Cris ao viver a própria sexualidade em diferentes períodos!

Voe pelas metamorfoses da Prisma

MUDANÇA DE VIDA

Já imaginou sua vida de ponta cabeça? Mudar de emprego, ser mãe, lutar contra um vício e até mudar a personalidade são transformações drásticas de vida. Será que essa borboleta voa no final?

CORPO

Todos possuem características únicas e especiais. O primeiro passo para começar a sua metamorfose é a aceitação. Pode parecer um processo difícil, mas, com apoio e dedicação, pode ser divertido.

MODA

O que importa não é seguir a “moda do momento”, é sentir-se feliz com quem é hoje e do poder que há na transformação por meio de uma simples atitude amanhã ao escolher o que vestir naquele dia.

TERCEIROS

A arte, a educação e o esporte, junto a pequenos atos, são capazes de transformar vidas. Conheça quem acredita no poder de mudança e que faz a diferença na trajetória de outras pessoas.

FICHA TÉCNICA​

DIAGRAMAÇÃO/ FOTOGRAFIA/ INFOGRAFIA

abner de souza

EDITORA/ FOTOGRAFIA/ TEXTO 

SABRINA VANSELLA

SUPERVISÃO DE DADOS E INFORGRAFIA

MARIA LUISA HOFFMANN

TÉCNICO DE ÁUDIO

ADRIANO BATISTA

FOTOGRAFIA/ REPORTAGEM/ PRODUÇÃO

maria eduarda vasconcelos

 
SUPERVISÃO GERAL

FABIANA ALVES

 
SUPERVISÃO DE REDES SOCIAIS

ROBERTO MANCUZO

 
TÉCNICA DE AUDIOVISUAL

ailime haidamus

ÁUDIO/ REPORTAGEM/ VÍDEO

RODRIGO GONÇALVES

SUPERVISÃO DE ÁUDIO

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SUPERVISÃO DE VÍDEO

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