corpos

Allana Gomes, Beatriz Aiello, Jaqueline Félix, Livia Alves e Maria Fernanda Jurazek 

QUEBRA DE PARADIGMAS

“Desde o meu colegial eu via as minhas amigas com mais peito que eu, seguindo o padrão imposto pela sociedade, então, quando eu comecei a trabalhar, decidi guardar dinheiro para poder fazer a cirurgia e realizar o meu sonho: ficar feliz comigo mesma”, conta a engenheira de Segurança do Trabalho, Gabriele Paes de Lima, de 28 anos, que passou por cirurgia para aumentar o seio aos 24. 

A psicóloga Dayane Letícia Guedes afirma que as pessoas vêm tendo um sofrimento psíquico pela busca incansável em ser atrante e aceito pela sociedade. “A autoaceitação acaba se tornando algo secundário, até porque essa aceitação não está relacionada estritamente ao físico. Por exemplo, ser atraente envolve muitas outras questões internas”, explica.

A psicóloga Dayane conta como as mudanças no corpo podem alterar, ou não, a mente (Foto: Maria Fernanda Jurazek)

Dayane também avalia que as comparações com os outros, que são considerados padrões ideais a serem seguidos, pode desenvolver uma variedade de doenças mentais nas pessoas, como, por exemplo, ansiedade, depressão e até transtornos obsessivo-compulsivos, como distúrbios alimentares. A bulimia ou anorexia, por exemplo, podem se desenvolver pela visão muitas vezes distorcida de si mesmo.

“Essa questão de padrão está muito relacionada com as identificações, nós somos seres totalmente relacionais, então a gente se identifica muito com o outro e nos sentimos bem se o outro também é parecido com a gente. É muito difícil se sentir bem estando fora, totalmente diferente das outras pessoas”, complementa a psicóloga.

Uma das formas recorrentes para ser aceito pela sociedade e até se sentir bem com o próprio corpo é as cirurgias plásticas. Conforme a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), em julho de 2022, o Brasil foi ranqueado como o segundo país mundial que mais faz cirurgias plásticas.

Ainda segundo ISAPS, em 2020, as seis operações plásticas mais procuradas foram:

Dayane lembra o caso de uma paciente que tinha uma autoestima baixa devido ao nariz, não saia de casa e não conseguia ter um ciclo social até realizar a cirurgia. “É uma paciente que eu atendo já há quatro anos, venho trabalhando com ela já bem antes do procedimento, mas deu para perceber uma diferença significativa depois que ela fez a cirurgia no nariz, então [a cirurgia] ajudou [a autoestima].” 

Contudo, enquanto alguns fazem a cirurgia por motivos estéticos, outros escolhem realizar com o objetivo de reparar alguma alteração corporal.

Cirurgião plástico Marcelo apresenta uma prótese de silicone para a operação de aumento de mama (Foto: Lívia Alves)

“A maioria das pacientes querem um resultado mais natural, temos algumas pacientes que são mais radicais, que buscam uma transformação mais radical. Mas a maioria quer recuperar o corpo que tinham antes de sofrer alguma modificação, seja por alterações de peso, gestações ou por processo de envelhecimento, elas querem recuperar o corpo que tinham antes com resultado natural”, pondera o cirurgião plástico Marcelo Depieri.

 Mas, e depois? 

Atualmente, Gabriele se sente melhor e com muito amor-próprio. Ela acredita que é uma questão pessoal e relativa. “Mesmo com silicone, às vezes a minha autoestima está baixa, então isso, para mim, provou que não tem nada a ver fazer uma cirurgia estética para elevar sua autoestima”, completa.

Confira o antes e o depois de Gabriele:

foto gabi editada

Gabriele Lima mostra o resutado da cirurgia de aumento de mama que fez. (Foto esquerda: cedida/ Foto direita: Maria Fernanda Jurasek

Gabriele Lima mostra o resutado da cirurgia de aumento de mama que fez. (Foto de cima: cedida/ Foto de baixo: Maria Fernanda Jurasez

Todos merecemos o Amor

O processo de autoaceitação passa além de reflexões e escolhas diárias, que vagarosamente mudará o relacionamento da pessoa com ela mesma. Autocuidado é um autoconhecimento e autoconhecimento é um autocuidado, ambos estão conectados e intrínsecos, destaca a psicóloga. “Amar a si mesmo é um ato revolucionário!”

Confira alguns passos para começar a autoaceitação, sugeridos por Dayane: 

  • Se conheça

“Freud dizia que nossa psique é como um iceberg, só temos conhecimento prévio do que está na superfície, o que está mais ‘abaixo’ é aquele conteúdo importante que não conseguimos ter acesso tão facilmente. Por isso, é de extrema importância o processo psicoterapêutico para se conseguir com ajuda de um profissional chegar próximo desse conteúdos, levando a um conhecimento de si próprio, o que consequentemente ajuda a lidar melhor com os próprios sentimentos e com as outras pessoas. Como diz o próprio Freud: ‘Olhe para dentro para suas profundezas, aprenda primeiro a se conhecer’”, declara a psicóloga.

  • Passe por psicoterapia ou análise com um profissional

Para uma pessoa conseguir se entender, obter ajuda para lidar melhor com os seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor é recomendado ter acompanhamento psicológico.

  • Tenha empatia com você mesmo

O autocuidado não pode ser apenas físico, mas também trata da parte emocional, mental e social. “Ter bons laços sociais é imprescindível para um autocuidado”, explica Dayane.

  • Faça coisas que tragam sentido 

Um passeio, ouvir música, hobbies, qualquer coisa! Desde que contribua, caso contrário, não trará resultados e pode fazer mais mal do que bem.

  • Ouça e respeite a si mesmo

O corpo não é só físico e a aceitação não envolve apenas a aparência. “Cada um tem sua história, seu contexto de vida e suas dificuldades, é importante ter respeito consigo mesmo e, principalmente, com o seu próprio tempo de aceitação e entendimento de si mesmo”, complementa Dayane.

Conheça corpos reais lindos dentro do padrão

Assim como existem pessoas que não aceitam o próprio corpo, também há pessoas que se sentem bem com eles. O estudande de Publicidade e Propaganda Vitor Hugo Trindade já sofreu bullying e ainda hoje ouve comentários sobre ter um corpo magro, porém diz ser algo que não o afeta mais: ”Agora que perdi peso, eles falam, você tá magro demais! Por que tá magro? Tá doente? Fiz todo um trabalho psicológico comigo, tenho que fazer as coisas por mim. Comentário e gente para me apontar, sempre vai ter.”

Lívia Garrio, também a estudante de Publicidade e Propaganda, está passando pelo processo de aceitação. “Tem dia que eu pergunto por que tem espelho no meu quarto, porque eu fico olhando tudo, olho todos os ângulos e penso: ‘que merda é essa?’. Mas tem dia que olho e falo: ‘caramba, estou um pitéu’.” 

A aceitação também precisa vir das pessoas que estão ao redor dos mais diferentes tipos de corpos, gerando boa convivência em sociedade. Independentemente da aparência, todos devem ser bem tratados pelo próximo e, para amar o outro, primeiro é preciso amar a si mesmo.

Trajetórias de superação e aceitação

Os diferentes tipos de corpos continuam quebrando “tabus” ainda mais por terem respeito e amor próprio, sem se importar se estão fora do padrão imposto pela sociedade, e são essas pessoas que provam como é importante manter apenas uma pessoa em mente: você mesmo, independente da aparência e das dificuldades encontradas diariamente.

Lucas Santana, nasceu com Mielomeningocele e se tornou um nadador premiado, já o porteiro Manoel Nunes, se tornou uma pessoa PCD ao perder o antebraço. Ambos superaram diversos desafios diariamente mas mostram que apesar de não ser fácil, eles nos mostram que é possível superar e seguir em frente, com o apoio familiar sendo essencial neste processo.

Trajetórias de superação e aceitação

Os diferentes tipos de corpos continuam quebrando “tabus” ainda mais por terem respeito e amor próprio, sem se importar se estão fora do padrão imposto pela sociedade, e são essas pessoas que provam como é importante manter apenas uma pessoa em mente: você mesmo, independente da aparência e das dificuldades encontradas diariamente.

Lucas Santana, nasceu com Mielomeningocele e se tornou um nadador premiado, já o porteiro Manoel Nunes, se tornou uma pessoa PCD ao perder o antebraço. Ambos superaram diversos desafios diariamente mas mostram que apesar de não ser fácil, eles nos mostram que é possível superar e seguir em frente, com o apoio familiar sendo essencial neste processo.

Poder da tattoo

Em alguns casos, as pessoas gostam tanto do próprio corpo que o marcam para deixar registrado, pois se sentem mais autoconfiantes ao fazer uma tatuagem.

Ouça um bate-papo sobre o assunto: como as tatuagens podem ter diversos significados para diferentes pessoas? Descubra também qual a maior razão de alguém querer se tatuar e alguns detalhes sobre o processo de remoção. Junto com a tatuadora Laís Aglio e o estudante Guilherme Grande, que ama fazer tattoos.

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FICHA TÉCNICA

Repórteres: Allana Gomes, Livia Alves e Maria Fernanda Jurazek

Fotografia: Jaqueline Félix, Livia Alves e Maria Fernanda Jurazek

Áudio: Allana Gomes e Livia Alves

Cinegrafia: Allana Gomes e Beatriz Aiello

Edição de textos: Allana Gomes 

Edição de vídeo:  Ailime Haidamus e Jaqueline Félix

Edição de áudio: Adriano Batista e Jaqueline Félix

Edição de imagens: Jaqueline Félix

Layout da reportagem: Allana Gomes, Beatriz Aiello, Jaqueline Félix e Livia Alves 

Supervisão de áudio: Homero Ferreira

Supervisão de dados: Maria Luisa Hoffmann

Supervisão de redes sociais: Roberto Mancuzo

Supervisão de texto e fotografia: Fabiana Aline Alves

Supervisão de vídeo: Thaisa Sallum Bacco

Edição final e supervisão: Fabiana Aline Alves