GRUPOS ESTUDANTIS CONTRIBUEM PARA A UNIÃO DOS ALUNOS NA FACULDADE

Os Diretórios Acadêmicos e as Associações Atléticas vivem em busca de melhorias para os cursos e ainda realizam campanhas a favor da comunidade. Conheça agora cada um deles e crie já o seu.

Por: Natália Maiolini

Alunos unidos em prol de um bem comum. Essa é a proposta chave dos movimentos estudantis, existentes desde o período da ditadura militar no Brasil. Estudantes membros de grupos como a UNE (União Nacional dos Estudantes), organizavam diversos protestos para participar da vida política no país. E de fato, conseguiram fazer isso de forma expressiva. Eles lutaram contra a Ditadura Militar e foram fortemente reprimidos pelo governo, assim como estiveram presentes na campanha pelas Diretas e durante o movimento dos Caras Pintadas, que pedia pelo impeachment do presidente Fernando Collor. Há quem diga que o movimento estudantil perdeu a força e prestígio políticos de antes. De fato, pode ser que a participação dos jovens não seja tão frequente quanto no passado, mas atualmente ainda existem grupos estudantis presentes nas universidades brasileiras, inclusive de Presidente Prudente que, unidos, buscam por melhoras no curso.

Mesmo sem ter a necessidade de se vincular a ainda existente UNE (União Nacional dos Estudantes), hoje existem nas faculdades brasileiras os Diretórios Acadêmicose as Associações Atléticas, cada um com seus próprios objetivos e importância no ambiente universitário e até fora dele. Os Diretórios Acadêmicos têm objetivo de unir os alunos em busca de melhorias no ensino e de estrutura para o curso que frequentam. Além disso, existem as atividades organizadas em prol da comunidade, ações sociais como prestação de serviços, doação de alimentos e sangue.  No momento, a Unoeste possui nove diretórios acadêmicos funcionando. Já as Associações Atléticas, por sua vez, além de também realizar ações filantrópicas, apostam no incentivo do esporte na comunidade acadêmica. São elas que ajudam nas organizações de campeonatos universitários, seja entre os cursos ou contra outras instituições de ensino. Na Unoeste são treze.

CONSCIÊNCIA POLÍTICA

O Diretório Acadêmico visa a participação política dos alunos na faculdade, de forma que eles tenham consciência de que podem fazer alguma coisa para mudar o curso de forma organizada. “Muitas pessoas reclamam que alguma coisa não funciona no curso, mas ninguém faz nada para saber o porquê não funciona ou como fazer funcionar”, conta Claudionor Paschoalotto, presidente do Diretório Acadêmico e também Associação Atlética Facopp. Ele ainda diz que muitos acham que o DA é um grupo criado apenas para lutar contra as decisões do coordenador do curso, o que não é verdade. “Você tem que criar esse órgão para trabalhar em conjunto para conseguir fazer com que seu curso melhore”.

Flávia Martins, presidente do DA de Engenharia de Produção, acredita que o foco do grupo é representar os direitos e deveres dos alunos na universidade e agregar conhecimento, cultura e confraternização com as demais graduações e com a comunidade, além de expandir o nome do curso para que seja conhecido e reconhecido nacionalmente. “É melhorar no quanto nos é permitido interferir, para que os alunos possam usufruir o máximo que a universidade pode proporcionar”.

Para Carolina Marino, presidente do DA de Biomedicina, o objetivo maior da associação do curso é deixar os alunos atualizados com os congressos, simpósios e jornadas da área da saúde e principalmente da área laboratorial, além de organizar turmas e alugar ônibus para que todos os interessados possam participar de eventos fora da cidade. “No momento, por exemplo, estamos organizando e estimulando os alunos irem para Araras no XIV Congresso Brasileiro de Biomedicina e II Congresso Internacional de Biomedicina”.

Além das realizações a favor do curso, os Diretórios trabalham com projetos de extensão em prol da comunidade. Campanhas de doação de sangue e roupas são frequentes. Rodrigo Ricci, da Medicina Veterinária conta que no semestre passado na campanha do Trote do Bem, eles ajudaram os calouros a reunir uma tonelada de ração para doar a Pastoral de Proteção dos Animais São Francisco de Assis, que resgata cães e gatos abandonados. Segundo ele, no momento estão trabalhando em parceria com a Facopp para produzirem um vídeo de conscientização sobre doação de animais de estimação.

INTEGRAÇÃO DOS ALUNOS

Grande parte das associações atléticas da universidade surgiu nos últimos dois anos, com objetivos em comum que os diretórios acadêmicos: a integração dos alunos e realização de atividades em prol da comunidade. No entanto, elas ainda têm um diferencial: o incentivo ao esporte na comunidade universitária. Para isso, além de buscar esportistas para os times do curso, ajudam na torcida, sendo que algumas possuem até baterias.

Raíssa Mantovani, presidente da atlética recém-fundada do curso de Biomedicina, conta que com a associação, os alunos do curso que é novo na universidade, podem interagir com os demais, além de divulgá-lo para a comunidade. Para Daniela Lemes, presidente da atlética de Engenharia Ambiental e Sanitária, essa integração vai desdeaquele aluno que acabou de entrar, como os que já estão saindo da faculdade “Conseguimos fazer com que o nosso curso se mantenha forte e unido, assim podemos ter uma experiência mais intensa da faculdade e também quando sairmos para o mercado de trabalho, essa união será necessária”.

Daniela destaca ainda que a associação torna-se uma representação do curso “Os alunos estabelecem uma relação diferente com a gente. Algumas pessoas já vieram me perguntar como é o curso, em questão de dificuldades e área de trabalho porque estavam pensando em entrar e me procuraram por saber que sou membro da atlética. E isso é muito legal, saber que você pode ajudar as pessoas e ser essa referência”.

As atléticas também contribuem para o conhecimento dos acadêmicos. “No momento estamos trabalhando para que alguns alunos possam ter a oportunidade de conhecer o Museu Jurídico, que fica na capital e na mesma viagem poder acompanhar um julgamento no tribunal de Justiça de São Paulo”, comenta Guilherme Rodrigues, presidente da Atlética de Direito.

As ações sociais também fazem parte do mundo das atléticas. Assim como os Diretórios Acadêmicos, elas realizam campanhas de doação, mostrando preocupação com a sociedade. Para isso, muitas vezes realizam parcerias, como a dos cursos de Engenharia Ambiental e Sanitária e Engenharia Civil, que recentemente arrecadaram materiais escolares para doar à associação de desenvolvimento de crianças limitadas Lumen Ed Fides. “A sensação de poder ajudar ao próximo é indescritível. É gratificante demais ver a alegria das crianças que estudam lá”, conta Yuri Sobral, presidente da Atlética da Civil.

INCENTIVO AO ESPORTE

No dia 19 de agosto, começou mais um campeonato Intercursos da Unoeste. A competição teve início com o futebol de campo (society), e posteriormente virão os jogos de basquete, apenas com times masculinos inscritos; vôlei, handebol e futsal, com equipes masculinas e femininas, além da competição individual de natação. Os jogos seguem firmes nos próximos meses e devem terminar em novembro.

O campeonato, além de incentivar o esporte, costuma revelar talentos “escondidos” na universidade. O presidente da Atlética da Facopp, Claudionor, por exemplo, diz que quando começou a criar a associação no ano passado, era difícil montar os times, mas agora se surpreendeu com a inscrição do curso em oito das dez modalidades existentes. “Eu não sabia, mas com a organização dos jogos descobri que temos ex-jogadores de vôlei profissional, ex-nadadores, pessoas que estavam escondidas aqui e ninguém sabia. Então essa é a idéia. Fazer com que aqui nós tenhamos essa consciência esportiva, que é o legal da faculdade também”.

Com presença sempre marcada em eventos esportivos, como a Intermed, a maior olimpíada universitária da América Latina, a Atlética de Medicina vai participar em setembro dos Jogos Universitários de Presidente Prudente (JUPP), disputando contra equipes das faculdades Antonio Eufrásio de Toledo e Faculdade de Ciências e Tecnologia Júlio de Mesquita Filho – Unesp. Também representando a Unoeste, vai estar a FEPP (Faculdade de Engenharia de Presidente Prudente). De acordo com Yuri, a organização é uma união das atléticas das três engenharias (Civil, de Produção e Ambiental) em prol do fortalecimento esportivo nas competições dentro e fora da cidade. No entanto, cada uma continua funcionando normalmente, com seus próprios membros e eventos.

Para quem quiser apoiar as atléticas na competição, nos dias 13 e 14 de setembro acontecem as modalidades esportivas coletivas, como basquete, basquete, futsal, vôlei de quadra, handebol, futebol e vôlei de areia nas quadras do Parque de Uso Múltiplo (PUM). No final de semana seguinte, nos dias 20 e 21 de setembro acontecem as competições individuais: judô, tênis de campo, tênis de mesa, natação, atletismo e xadrez.

Toda torcida é bem vinda e quem vencer as modalidades de quadra deve disputar os Jogos Universitários da Federação Universitária Paulista de Esportes (FUPE). “A expectativa é vencer. Independente do adversário, terminar no final da tabela em primeiro, mesmo com o super favoritismo da atual campeã Unesp”, conta Yuri.

Confira as dicas para criar uma associação estudantil

“Primeiro tem que ter muita força de vontade. Você tem que ter um planejamento muito forte e saber o que vai fazer. E nesse planejamento tem que botar na sua cabeça que as coisas não vão acontecer da noite para o dia. Também tem que ter um jogo de cintura enorme porque não adianta se esconder, você vai sair no corredor e todo mundo vai te conhecer, saber o cargo que você tem na Atlética e no DA e vai te perguntar alguma coisa. E tem que ter uma equipe muito bem preparada, porque se não tiver alguém ali para ajudar, sozinho você não consegue levar nas costas. Além disso, você tem que ter muita coragem e falar que por mais que muita gente fale que não vai dar certo, tem uma galera que fala que vai dar, então tem que apostar neles.”

Claudionor Paschoalotto Junior, Diretório Acadêmico e Associação Atlética Facopp

“Acredite! Eu tinha um sonho de participar de uma Atlética e fiz de tudo para conseguir. Você precisa ser o mais político possível, ser humilde e ser amigo de todos para aceitarem suas ideias e agregarem a sua causa. Um passo de cada vez, não queria dar um passo maior que a perna que você vai cair. Faça as coisas devagar, com calma, sempre planejando muito bem cada passo. E trate bem seus ‘bixos’, são eles que vão dar continuidade a sua história.”

Yuri Sobral, Associação Atlética de Engenharia Civil

“Para os alunos, exige uma grande responsabilidade. Nada é impossível de se desenvolver ou realizar os trabalhos se trabalharmos em equipe.”

Raíssa Mantovani, Associação Atlética de Biomedicina

“A dica que eu tenho é para se informar bem em como constituir uma associação atlética e meter a cara mesmo! Seguir firme no começo sem pensar em desistir, o início é difícil até todos aceitarem. Algumas pessoas simplesmente não compreendem e vai ser assim até o fim, não dá para agradar a todos. Apenas tenha a certeza que você está pensando em beneficiar a maioria! Procure ajuda das pessoas que já formaram uma associação, isso me ajudou muito e também converse sempre com o coordenador do seu curso, apesar da associação ser independente essa ligação é muito importante para oferecer vantagens para os alunos.”

Daniela de Souza Lemes Cardoso, Associação Atlética de Engenharia Ambiental e Sanitária

“Iniciativa, perseverança e união, pois no começo muitos obstáculos aparecem e é ai que um deve ajudar o outro e acreditar que é possível ir além.”

Guilherme Rodrigues, Associação Atlética de Direito

“A dica é não desanimar caso esteja difícil em encontrar integrantes interessados e ao conseguir, dedicar-se ao máximo, pois o curso depende de você. Além da boa experiência, em seu currículo mostrará que você é um aluno dedicado, responsável e se interessa em ajudar o próximo, na qual é muito importante para o mercado de trabalho que irá seguir independente do curso.”

Carolina Marino, Diretório Acadêmico de Biomedicina

“Eu diria para pesquisarem Diretórios já existentes em outras faculdades do mesmo curso, buscar bastante informação do que é e como funciona e depois planejarem passo a passo do que será feito. Parece simples, mas envolve muita burocracia e tempo para se começar um DA. No entanto, não há nada mais gratificante depois de pronto.”

Flávia Martins, Diretório Acadêmico de Engenharia de Produção

“A dica é que mergulhem de cabeça na ideia e não tenham preguiça de ir atrás de coisas novas para o curso, nem vergonha de se comunicar com pessoas de faixas etárias diferentes, pois a comunicação é essencial no Diretório Acadêmico.”

Juliana Chaddad, Diretório Acadêmico de Farmácia

BATERIA ENGENHARIA CIVIL

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Professor de História Thiago Belieiro