O investimento no campo

Valdecir Marinotti sempre teve o sonho de ter um lote e conquistar sua independência colhendo os frutos de sua propriedade.

Por: Tamires Martins

A luta

Em qual ano você decidiu ir para o acampamento?

1990

 

Você, acampou em lugares diferentes, ou foi sempre no mesmo lugar? Quais?

Sim, na São Bento, que hoje é São Domingos e na Taquarussu. Os  acampamentos eram sempre na Fazenda São Bento. Participei da primeira daqui da região e na de Mirante, nós fomos um dos primeiros aqui dentro. Em 1990 começou na Nova Pontal, teve cavalaria, aqueles caras com cachorro, helicóptero foi um rebuliço. Daí de lá viemos pra Mirante e de Mirante para cá.

 

Por que você decidiu ir para o acampamento?

 Porque nós trabalhávamos  numa fazenda de parceira, ajudávamos nas colheitas de café, o lucro  era 50/50, 50 era do patrão e 50 era nosso e esse era o parceiro ou meeiro.

 

Como você ficou sabendo das ocupações, tem alguém do movimento que organiza essas ações?

Tem sim, o pessoal do movimento o Valter, o Bil, na época eu trabalhava na roça, mas tinha pegado serviço em uma auto peças, meu primeiro serviço, tinha uns vinte anos mais ou menos. Então eu sai da auto peças e  pra vim pra ocupação. Meu irmão e eu sempre tivemos o sonho de ter um pedaço de terra, do jeito que estávamos ali trabalhando não dava certo e o desemprego assolou todo mundo na época que acabou a barragem de Rosana. Daí juntaram um pessoal e a solução era ocupar.

 

Como é a vida dentro de um acampamento?

Não é fácil não, foi uma batalha, hoje é mais fácil, hoje eu posso considerar que é fácil, os caras entram, vem  o governador e tal, mas na época não. A gente ocupa, e era despejado, a cavalaria vinha, pessoal não dava moleza não, ou saia ou caia no pau.

 

Você tinha um papel importante dentro do acampamento?

Eu sempre fui coordenador. Todas ocupações são decididas por um grupo de coordenadores, e eu fiz escola nacional, tinha até aulas de estratégia de ocupação e tudo. Fiquei dois meses no Rio Grande do Sul, então, toda essa estratégia a gente sabe, ocupação tem que ser perto de  água, tem que rastrear a fazenda, vê como que ta, nós participamos de vários conflitos ,  temos que ver quais são as dificuldade do acampado , problema de saúde, alimentação.

 

A conquista

Qual a participação do Itesp para as famílias acampadas?

 

Nas negociação, pegava o emergencial,eles  eram  obrigado a dar o primeiro a dar suporte, as casa de madeirite, faziam as documentação dos financiamento de oito meses de alimentação para o  assentado, hoje eles estão ai pra cuidar, orientar.

 

Hoje o que você produz em sua propriedade?

Tem leite, eucalipto, praticamente o meu lote é mais do que eu sonhei. Sonhava em ter um pedaço de terra e o meu foi mais.

 

A luta hoje nos assentamentos

Hoje mesmo com a conquista da terra, você participa de outros movimentos? Se sim se não por quê?

 

Não, eu faço um trabalho social de orientar o produtor pra dar certo e o pessoal se fizesse isso, hoje a realidade do pontal é outra, tinha emprego pra todo mundo e minha batalha nas política que eu participei. Até hoje eu estava pensando, se eles tivessem me ouvido, mas nem tudo depende da gente, depende das decisões lá em cima, e você vê que os próprios assentamentos tão acabando, o jovem ta indo para a cidade e o meu trabalho é tudo divulgar o jovem e tem vários jovens e mulheres já inseridos na produção de leite. Também participo de um projeto de horta, mas só que não acaba com o alicerce que é o projeto do gado. O gado hoje o alicerce do Pontal, se você vê toda a cidade que tem produção de leite, ta crescendo, você vai em Teodoro, é um movimento enorme, você vai em Mirante, agora Bernardes não gosta de assentado. Daí esses dia o pessoal do  Sebrae me procurou, teve uma reunião pra fazer um trabalho de turismo na região, mas não aceitei.

VALDECIR MARINOTTI

ASSENTAMENTO ÁGUA LIMPA LOTE: 58

DATA DA ENTREVISTA: 13/07- 06h00

ENTREVISTA REALIZADA NA ESCOLA EMEIF EDUCADOR PAULO FREIRE (ASSENTAMENTO RODEIO)

MEIO: Pessoalmente (Uso do gravador)

O sonho pelo próprio pedaço de terra era grande, Valdecir usava da música como mantra, era o que aumentava a vontade lutar e deixar de lado os problemas:

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