ELES NÃO PARARAM, POIS A VIDA NÃO ESPERA

Heloísa Lupatini, Jady Alves, Letícia Petile, Matheus Santiago e Vinícius Coimbra

 Enquanto parte do mundo parou, profissionais da saúde não tiveram opção se não salvar vidas

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e, consequentemente, o surgimento do isolamento social, trouxe a sensação de que o mundo parou, entretanto, vidas começaram a surgir. Esse foi o caso de Antonella, criança que nasceu no dia 17 de agosto, seis meses após a confirmação do primeiro caso da Covid-19 no Brasil.

A recepcionista e mãe de Antonella, Daiani de Lima, contraiu o vírus aos sete meses de gestação, assim como o filho mais velho e o marido, este que ficou internado na UTI da Santa Casa de Misericórdia, em Presidente Prudente. Apesar do ocorrido, ela afirma que a gravidez foi tranquila, porém, dias antes de dar a luz, teve aumento no líquido amniótico. “Eu sentia muita dor na minha barriga, era uma pressão tremenda. Não sabemos até hoje se o líquido aumentou por conta do coronavírus que eu tive”, relata a recepcionista.

Três dias antes de completar nove meses de gestação, Daiani começou a sentir contrações e teve que ser internada. Ela e a bebê tiveram taquicardia e, um dia depois, a criança veio ao mundo diagnosticada com a síndrome neonatal do pulmão úmido. Por conta do problema, Antonella passou sete dias internada na UTI Neonatal, a mãe teve alta e só podia ver a filha por meia hora. Quando a criança foi para o quarto, Daiani voltou ao hospital como acompanhante e, somente após alguns dias, mãe e filha puderam ir para casa.

DAIANI CONTA QUE A PRIMEIRA VEZ EM QUE AMAMENTOU ANTONELA FOI INDESCRITIVEL, " UM AMOR QUE QUEIMAVA O PEITO". (FOTO: HELOÍSA LUPATINI)

DOAÇÃO DE LEITE

 Daiani conta que houve uma situação que a marcou quando sua filha estava na UTI Neonatal. Ela conheceu um bebê que havia nascido prematuro e a mãe não podia ir todos os dias visitá-lo, o que a fez pensar que aquela mãe poderia não ter leite ou que poderia ser a Antonella precisando e foi a partir disso que resolveu começar com as doações.

O Banco de Leite Humano de Presidente Prudente, no mês de setembro, tinha 51 doadoras, mas para suprir a demanda seriam necessárias entre 80 e 90. A auxiliar de enfermagem Lilian C. Baldori Pinhal é quem vai até a casa das doadoras recolher o leite. As mães armazenam o leite no freezer e devem marcar a data em que começaram a encher o pote, este que é fornecido pelo Banco de Leite, lacrado e esterilizado.

O leite doado é pasteurizado e recebe um certificado de qualidade antes de ser oferecido aos bebês que estão na UTI Neonatal ou, que por algum motivo de saúde, não podem ficar com suas mães. O leite materno possui uma grande quantidade de anticorpos, ajuda no amadurecimento do pulmão e da flora intestinal.

Mais uma doadora é a Laís Mayumi Oshiro, que foi atrás de informações sobre o banco, pois as doações de outros itens já são parte de sua vida. Ela é estudante do 8º termo de Medicina Veterinária e muitas vezes faz a retirada durante as atividades remotas da universidade.

ROTINA NA UTI​

Fernanda Bordinasso é enfermeira e coordenadora das UTIs Coronária e Especializada II do Hospital Regional de Presidente Prudente (SP).  Para ela, a chegada da pandemia intensificou a rotina no ambiente de trabalho. Dentre os relatos presenciados pela profissional nos últimos oito meses, os que mais lhe tocam são os agradecimentos a Deus e toda a equipe médica e multidisciplinar do hospital.

 “Acredito que a fé é essencial neste momento, que envolve sempre muita emoção e a sensibilidade de pensarmos, pois assim como nós, profissionais de saúde, o paciente também é o amor da vida de alguém”, ressalta.

Com o aumento na demanda de trabalho, os especialistas do HR convivem mais tempo na unidade, desta forma, Fernanda afirma que a união entre a equipe tem se intensificado, visto que, todos estão em busca de um mesmo propósito: salvar vidas.

Já no ambiente familiar, a enfermeira admite que o medo de levar o vírus para casa existe, porém, no hospital são oferecidos os equipamentos necessários para evitar que isto ocorra. “Emocionalmente não foi fácil, mas a força oferecida por minha família neste momento, me motiva a não desistir nunca, pois os pacientes precisam de nós, além disto, tudo que realizo é com muito amor”, finaliza.

A ROTINA DA EQUIPE DA UTI DO HOSPITAL REGIONAL MUDOU DRASTICAMENTE NOS ÚLTIMOS MESES. ( FOTO: ASSESSORIA)

Foi a fé e o rápido e eficiente atendimento que salvaram a vida de Luana Peratelli Rissi. A professora sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCh) nove dias após o nascimento de seu primeiro filho, Arthur. Os primeiros socorros aconteceram na Santa Casa de Misericórdia de Dracena (SP), mas Luana logo foi transferida para a UTI do Hospital Regional de Presidente Prudente (SP). O quadro foi considerado grave, porém, sete dias depois, ela teve alta e pode voltar para casa sem nenhuma sequela. 

“A sensação de ficar na UTI não foi nada boa, é o tempo todo os aparelhos funcionando, um barulho. Quando acordei fui para uma sala com várias pessoas entubadas, ali eu tive um sentimento de tristeza, porque a gente não sabe se as pessoas vão voltar ou se estão apenas ligadas por aparelhos. Eu também senti muito a falta da minha família e do meu filho que havia acabado de nascer ”, relata.

Luana estava no quarto mês de gestação quando a pandemia começou, naquele momento ela conta que ficou preocupada, mas tomou as medidas necessárias para evitar o contágio, e, após alguns meses, com mais informações, ficou mais tranquila. Com relação ao novo vírus, Luana passou por mais um susto. Quando foi transferida, após a internação na UTI, ficou no mesmo quarto que uma pessoa infectada, que foi levada para a ala Covid. Mesmo com a proximidade, a professora não se contaminou.

“Os profissionais da saúde são guerreiros, eles estão ali dedicados a outras pessoas que, talvez, eles nunca viram, colocando as próprias vidas e de suas famílias em risco para cuidar de outras pessoas. Ali eu recebi muito amor e muito carinho no momento difícil, eu vejo que independente da situação de estresse que eles passem, fazem isso com amor e dedicação.” declara.

DEPOIS DA RECUPERAÇÃO DE LUANA, O CASAL CURTE A CHEGADA DO PRIMEIRO FILHO, ARTHUR. (FOTO: CEDIDA)

MUDANÇAS

Quando se trata da área da saúde, houve mais adaptações do que pausas. Em muitos casos, acompanhamentos e tratamentos médicos não puderam ser interrompidos, assim como atendimentos de emergência. 

Devido às ações e cuidados adotados pelo Hospital Regional, todos os atendimentos a pacientes com doenças crônicas, que necessitam tratamento constante, não foram interrompidos. Tanto no HR quanto no Ambulatório Médico de Especialidades (AME), foram realizadas uma série de ações de segurança, com intuito de continuar oferecendo o serviço sem prejuízo a esses pacientes, garantindo a eles a maior segurança possível contra a Covid-19.

Para isso, em março de 2020, o Hospital Regional do Câncer de Presidente Prudente (HRCPP), foi procurado pelo Departamento Regional de Saúde 11 (DRS) e se colocou à disposição do Governo do Estado para acolher os pacientes oncológicos do Hospital Regional e da Santa Casa de Presidente Prudente, por meio do convênio, dando um importante passo na liberação de vagas em hospitais, além de ajudar no enfrentamento da Covid-19.  

Em janeiro, o Hospital do Câncer somou 4.176 atendimentos mensais. Essa média persistiu até o mês de abril, quando aconteceram os reagendamentos das consultas. Desde então, o número passou a crescer e chegou ao ápice de 5.255 atendimentos no mês de julho. Já no Hospital Regional de Presidente Prudente, o número de pessoas circulando pelo HR e AME, incluindo pacientes, acompanhantes, visitantes, colaboradores, médicos, estagiários e profissionais terceirizados, caiu cerca de 25% durante a pandemia. 

Caso os pacientes não possam comparecer nas unidades no horário agendado, é preciso entrar em contato pelo telefone (18) 3918-9850 com 48 horas de antecedência da consulta, para que o hospital agende um outro paciente.

Além disso, a área da saúde agora também conta com o apoio da telemedicina, que ganhou força e auxilia o atendimento médico de forma remota durante a pandemia, com o objetivo de evitar aglomerações em hospitais e centros de saúde.

TELESSAÚDE | PODCAST​

Com o objetivo principal de mostrar a evolução dos atendimentos por telessaúde, principalmente neste período de pandemia, foi gravado um podcast com a enfermeira Larissa Esteves, para que a profissional pudesse explicar o conceito deste tipo de atendimento, quando surgiu, a crescente deste método de suporte, entre outros fatores. Confira!

DOAÇÃO DE SANGUE: NOSSO ATO DE ESPERANÇA

Doar sangue é um gesto de amor e empatia, que em apenas dez minutos pode salvar até quatro vidas. Para realizar esse ato, o voluntário deve ir até um centro especializado e disponibilizar seu sangue para ser usado em transfusões ou outras situações clínicas, mas antes da doação, o paciente passa por uma triagem para verificar sua aptidão. Conheça as etapas deste processo ao assistir o vídeo:

REPÓRTERES: HELOÍSA LUPATINI, JADY ALVES, LETÍCIA PETILE, MATHEUS SANTIAGO E VINÍCIUS COIMBRA; 

INFOGRÁFICOS: MATHEUS SANTIAGO;

ÁUDIO: JADY ALVES, LETÍCIA PETILE E VINÍCIUS COIMBRA;

FOTOGRAFIA: HELOÍSA LUPATINI;

CINEGRAFIA E EDIÇÃO DE VÍDEO: HELOÍSA LUPATINI E MATHEUS SANTIAGO;

EDIÇÃO DE TEXTOS:  HELOÍSA LUPATINI, JADY ALVES E LETÍCIA PETILE

LAYOUT DA REPORTAGEM: HELOÍSA LUPATINI E JADY ALVES;

EDIÇÃO FINAL E SUPERVISÃO: FABIANA ALINE ALVES.

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