Mobilidade Urbana SUSTENTÁVEL
Diariamente Presidente Prudente enfrenta um tráfego intenso de veículos em diferentes regiões da cidade. São centenas de quilômetros de asfalto destinados, principalmente, aos carros, ônibus, caminhões e motocicletas, mas é possível dividi-los com outras formas de locomoção?
Por: Ana Flávia Martin, Leonardo Bosisio e Nathalia Salvato
Você consegue lembrar alguma vez em que a fumaça de caminhões, carros ou ônibus prejudicou sua respiração? O trânsito intenso já te fez chegar atrasado em diferentes compromissos? Com o crescimento populacional cada vez mais evidente, não só Presidente Prudente, mas diversas cidades enfrentam desafios que chegam a prejudicar a qualidade de vida da população e geram impactos preocupantes ao meio ambiente.
A mobilidade urbana pode ser entendida como a forma que as pessoas se locomovem dentro de uma cidade. Carros, motos, ônibus, vans e bicicletas são alguns dos meios de transportes utilizados pela população diariamente, alguns mais poluentes, outros nem tanto, mas todos englobam o conceito de mobilidade.
Diante do fluxo de veículos intenso em diferentes cidades do Brasil, a mobilidade urbana sustentável propõe meios de locomoção menos poluentes e mais econômicos, por meio do incentivo de bicicletas compartilhadas e do uso de transportes coletivos, como ônibus e metrô, visando diminuir o número de veículos e, consequentemente, de poluição nos municípios.
Apesar da proposta sustentável ter inúmeros benefícios, são poucas as cidades brasileiras que possuem essa alternativa, inclusive, não é a realidade de Presidente Prudente.
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Poluição
Segundo o engenheiro ambiental Elson Felici, uma cidade com falta de mobilidade sustentável provoca diversos problemas para o meio ambiente e para a saúde, principalmente relacionados à poluição atmosférica. “A gente tem dados que mostram que, por exemplo, no município de São Paulo, a poluição atmosférica já é um problema de saúde pública. Os dados da Secretaria Municipal de Saúde da cidade mostram que em São Paulo, a poluição atmosférica mata mais gente do que Aids e acidentes de trânsito juntos”, comenta.
“A gente pode falar na preservação ambiental e na qualidade do ar, principalmente quando a gente investe em mobilidade sustentável. Há inúmeras vantagens quando a gente fala disso, vantagens para o município, vantagens para o meio ambiente, que deixa de ser poluído, muitos poluentes deixam de ser lançado na atmosfera, e para as pessoas também, de certa forma, porque acabam às vezes tendo um deslocamento mais prazeroso e realizando até uma atividade física nesse momento”, discorre Felici.
O pneumologista Ricardo Beneti relata que o aumento de partículas poluentes, especialmente relacionadas a fumaças grosseiras em geral, contribuem para infecções e irritações respiratórias. “Os riscos vão desde aqueles imediatos, relacionados à exposição imediata e o tempo de contato com os poluentes, considerando desde rinite, sinusite até bronquite e asma”.
Ainda segundo o médico, “existe bem determinado na literatura médica que existe um baixo crescimento pulmonar e impacto na saúde infantil e no desenvolvimento de crianças que vivem em locais com maior emissão de poluentes”.
“Em Londres, eles impuseram multas pesadas e diárias para os veículos mais poluentes e eles têm metas de melhora da qualidade do ar medida em termos de partículas inaladas. A grande defesa desse tipo de medida é justamente a proteção do pulmão das crianças, que são expostas a esse tipo de poluente e infelizmente vão sofrer consequências irreversíveis a longo prazo”, exemplifica o pneumologista.
Beneti ainda defende que a questão da mobilidade sustentável traz qualidade de vida como um todo, vai impactar inclusive na questão socioeconômica. “Ter uma cidade com uma boa mobilidade urbana e uma mobilidade limpa, acredito que seja desejável por vários pontos de vistas, não só do ponto de vista de saúde.”
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O uso frequente de bicicletas e até mesmo a prática de caminhadas podem ser opções de mobilidade sustentável, uma vez que não são agentes de poluição. Entre os benefícios para o meio ambiente e para a sociedade, o corpo de quem realiza essas práticas também agradece. O educador físico Victor Hugo explica de que forma essas atividades favorecem a saúde: “Fazem bem ao coração, aumentando a circulação sanguínea e o aumento da resistência cardiovascular, reduz o colesterol, controla a glicemia no sangue, promove o bem estar diminuindo o estresse e de quebra ainda perde uns quilinhos”, observa.
De acordo com o educador físico, “ao pedalar, o atleta movimenta as pernas, glúteos e coxas, o que tonifica a região e ajuda a prevenir lesões em outras atividades físicas. Além de ser uma atividade sem impacto, por isso o risco de lesão é muito baixo. Com o ciclismo, é possível exercitar o equilíbrio sobre duas rodas e transportar esse aprendizado para outros exercícios e para a mente, que acompanha o corpo ao manter a forma e balancear as emoções.”
A caminhada também possui vantagens: “Ajuda a gerar energia ao corpo e melhora na qualidade de vida, além de ajudar a combater a depressão e melhorar o sono.”
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Elson Felici
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Ricardo Beneti
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Victor Hugo
Fotos: Cedidas
Experiência
Guilherme Withana é aluno de Publicidade e Propaganda da Unoeste e opta todos os dias pelo uso de bicicleta como meio de transporte até a faculdade. Ele relata que apesar de reconhecer os benefícios dessa prática e defender que parte da população deveria adotá-la, encontra algumas dificuldades que ciclistas enfrentam em Presidente Prudente. Segundo ele, a cidade é grande, quente, possui muitas subidas e descidas, e deveria ter locais exclusivos para o estacionamento das bikes. Além disso, a ciclovia construída em alguns pontos específicos não possui estrutura adequada, já que há postes de iluminação no meio do caminho e ela não abrange todos os bairros, por isso merece atenção para melhorias. “Andar de bicicleta pra mim não é só algo que eu desejo fazer, mas se tornou uma necessidade, já que favorece a minha saúde”, finaliza.
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Contudo, uma cidade construída em torno de vias urbanas para locomoção automotiva precisa passar por algumas barreiras socioeconômicas e culturais para a implantação de um projeto sustentável. É preciso investimento do poder público, mas também é necessário a adesão da população, uma vez que podem resistir a mudanças de infraestrutura.
Mobilidade sustentável é realidade em Prudente?
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andar em meio aos veículos”, salienta (Foto: Nathalia Salvato)
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falta de estrutura da cidade (Foto: Ana Flávia Martin)
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“As pessoas não têm muito respeito com quem anda de skate nas ruas” (Foto: Ana Flávia Martin)
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outra forma de andar e o skate, a bicicleta ou os patins acabam sendo a salvação da pessoa”, explica o jovem (Foto: Ana Flávia Martin)
Sentindo na pele
Presidente Prudente é uma cidade que precisa evoluir bastante em mobilidade urbana sustentável, mas como é a vida das pessoas que, mesmo sem muita estrutura e segurança, aventuram-se em ter um meio de locomoção alternativo?
O Podcast Sentindo Na Pele conversa com Ademir Alves Junior, que é ciclista há mais de 20 anos e enfrenta diariamente o trânsito de Prudente com sua magrela.
Quais melhorias são necessárias na visão de um ciclista? Como é possível ter mais segurança para transitar pela cidade? Não perca o bate-papo!
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Eco-Mobilize
É possível pensar em Presidente Prudente como uma cidade com alternativas de mobilidade urbana sustentável? Não precisar mais depender de veículos movidos a combustíveis fósseis para se locomover pela cidade?
A doutora em Arquitetura e Urbanismo, Yeda Ruiz Maria, faz um análise sobre como é o planejamento de mobilidade da cidade e quais as alternativas possíveis para Prudente ser mais sustentável. Além disso, é possível que Presidente Prudente chegue mais próximo de cidades que são exemplo em mobilidade urbana sustentável?
Usando os exemplos de Fortaleza e Amsterdã, possíveis mudanças sustentáveis também foram levantadas. Além do relato de uma brasileira que mora na cidade holandesa, Michelle Guimarães, sobre como é a experiência de viver na cidade que possui mais bicicletas do que pessoas.
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